O ministro do Planejamento, Orçamento e Gestão, Paulo Bernardo, confirmou nesta quarta (29) que o governo vai anunciar amanhã a liberação de recursos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para a Petrobras. O ministro não mencionou o total de recursos. O anúncio será feito pelo presidente Luiz Inácio Lula Silva e o valor deverá ser de R$ 25 bilhões.
No Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), sede provisória da Presidência da República, a assessoria do governo confirmou nesta quarta (29) que o presidente estará amanhã à tarde na sede do BNDES, no Rio de Janeiro, onde fará o anúncio da liberação de recursos. De manhã, Lula estará em São Paulo, onde tem um encontro, na Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), com a presidente do Chile, Michele Bachelet.
Paulo Bernardo, questionado se a liberação de recursos para a Petrobras não seria uma forma de capitalizar a estatal, afirmou que a empresa é um bom cliente. "Para o BNDES é bom emprestar para a Petrobras. Para a Caixa (Econômica Federal), é bom emprestar para a Petrobras. Tem bancos japoneses e norte-americanos que gostam de emprestar para a Petrobras, ficaram momentaneamente combalidos, mas devem estar de olho grande para emprestar para a Petrobras.
Sequelas mínimas
O ministro do Planejamento repetiu hoje que, diante das circunstâncias geradas pela crise financeira internacional, as sequelas foram mínimas para a economia brasileira. Ele disse que o Brasil já saiu da crise por causa das medidas adotadas pelo governo. Ele disse que o déficit nominal nos Estados Unidos será de 13,5% do PIB. "Eles fazem isso por que são loucos? Não. É porque querem salvar a economia e depois vão ter de consertar esse déficit", disse o ministro, ao chegar ao Ministério da Fazenda para a reunião do Conselho Monetário Nacional (CMN).
Bernardo destacou que o Brasil não deu dinheiro do Orçamento para empresas quebradas, como ocorreu nos EUA. Segundo ele, o governo passou recursos para o Banco do Brasil, a Caixa Econômica Federal e o BNDES emprestarem para o setor produtivo, mas que esses recursos retornarão na sua maior parte. Além disso o ministro afirmou que essas medidas foram temporárias e que, em 2010, o País terá condições de fazer um superávit primário maior. "Estamos com uma situação fiscal muito confortável", disse.
Bernardo negou que os números da conta fiscal do governo sejam assustadores. Segundo ele, esse discurso faz parte de uma "ladainha" e é preciso ver o conjunto da obra. Ele lembrou, por exemplo, que o Bolsa-Família teve eficácia econômica porque a população de baixa renda sustentou o consumo, o que proporcionou um aumento das vendas do varejo e das encomendas da indústria.
FMI
Paulo Bernardo disse que levou um susto quando leu uma reportagem relatando que o Fundo Monetário Internacional (FMI) sugeria um alívio maior para o sistema fiscal brasileiro. "E os corneteiros que dizem o tempo todo que é preciso cortar (gastos)", questionou. "Rasgaram a bíblia deles. Vão ficar sem cartilha, derrotados", avaliou.
Indagado a respeito do resultado das contas públicas, divulgado hoje pela manhã, e que causou uma reação negativa no mercado financeiro, Bernardo fez um alerta a operadores e analistas. "O mercado fica fazendo apostas e isso dá prejuízo ao Brasil", afirmou. Um pouco mais cedo, no entanto, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, concedeu uma entrevista coletiva para comentar os dados do setor público e tranquilizar o mercado.
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