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Entrevista

BID considera essencial que América Latina melhore produtividade

O presidente do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), Luis Alberto Moreno, considera de grande importância que a América Latina melhore a produtividade para encarar um entorno de menor crescimento e cubra seus déficit em infraestrutura, com a participação do setor privado.

Em entrevista à Agência Efe por ocasião da 55ª Assembleia Anual do BID, realizada na Costa do Sauípe, na Bahia, Moreno fez uma comparação entre a situação que a América Latina vivia há três anos e as perspectivas existentes agora.

Há três anos o crescimento da região "estava se aproximando de cerca de 5%", graças aos altos preços dos produtos básicos, o elevado crescimento da economia chinesa e sua forte demanda e "o baixo custo do dinheiro produto da agressiva expansão monetária" dos países industrializados.

Agora, os países latino-americanos enfrentam "um entorno de menor crescimento", com taxas de juros que irão subir gradualmente, "o que terá um efeito sobre as moedas, sobre as taxas de câmbio de nossos países e nossa capacidade de comércio", assegurou o presidente do BID.

O diretor máximo da instituição financeira regional antecipou que o BID prevê que a América Latina vai retornar este ano às taxas de crescimento que tinha antes, "de cerca de 3,5%", mas indicou que, além de cuidar dos fundamentos econômicos para crescer mais, os países da região têm que melhorar a produtividade.

"Para crescer mais, é preciso concentrar-se em ver como melhoramos a produtividade, e me refiro ao fato que temos 50% dos latino-americanos nos mercados informais", ou seja, metade da população paga impostos para que o Estado ofereça serviços à outra metade.

"Por cada dois trabalhadores, um paga e o outro não, e isso tem que ser corrigido", ao que é preciso somar o impulso à inovação e infraestrutura, inclusive a "infraestrutura social", ou seja, hospitais, melhores colégios e melhores universidades.

"A América Latina terá pelo menos nos seguintes 20, 25 anos que fazer muitos investimentos em infraestruturas, não simplesmente da economia pública, mas desse espaço público-privado", acrescentou.

Moreno se referiu concretamente ao déficit em infraestrutura de energia, sobre o qual disse que nos próximos 12 anos a América Latina tem que investir 40% mais, se é que vai "manter estes ritmos de crescimento que temos".

Para tudo isso, ressaltou que o BID, que no último ano concedeu cerca de US$ 14 bilhões em empréstimos à região, necessita integrar melhor suas ferramentas destinados ao setor privado, e definiu áreas prioritárias, entre as quais está as pequenas e médias empresas.

"Não há dúvida que hoje em dia a região requer cada vez mais para as pequenas e médias empresas um maior financiamento" para melhorar sua baixa produtividade, comentou, já que são as que geram "uma parte muito importante do emprego".

Moreno também mencionou a melhora da produtividade como receita para fechar as brechas da desigualdade na América Latina.

A este respeito, disse que nesta assembleia o BID vai apresentar uma "estratégia institucional de médio prazo que parte da produtividade, mas entendendo que a produtividade não pode estar ausente de todo um conjunto de políticas que acelerem todo um processo de investimento social"

"Não há dúvida que esses processos de fechamento de brechas de desigualdade passam antes de tudo pela melhora na educação, que vai conectada a todos os processos de mobilidade social", assegurou.

Mas também mencionou o tema tributário, já que os que tenham condições "têm que pagar impostos suficientes" para ajudar aos que não o têm, através dos bens públicos oferecidos pelo Estado.

Finalmente, se referiu às novas classes médias que surgem nos países da região, que "não são classes médias como as dos países industrializados, com dois carros, piscina, todo tipo de televisores, mas são aquelas famílias que começam a ter recursos, que podem ter um carro".

Mas essas também geram necessidades de infraestrutura, como as das cidades, nas quais é impossível tentar resolver os problemas de mobilidade sem concentrar-se mais no transporte público, concluiu Moreno.

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