O Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) vai investir no intercâmbio de startups brasileiras em países latino-americanos e na imersão de jovens empresas estrangeiras no Brasil.
O projeto “BID ao Cubo”, assinado nesta semana com o Cubo Itaú, maior hub de inovação da América Latina, em São Paulo, promete intensificar a agenda de atividades internacionais do hub e aproximar as startups do setor público. Um representante do BID Lab, laboratório de inovação do banco, vai dar expediente no centro de inovação.
Renata Zanuto, co-head do Cubo Itaú, destaca que a parceria é uma via de mão dupla em que o hub e o banco unem suas forças para fomentar o empreendedorismo e a inovação em todas as regiões do país. “Em breve, vamos fazer um road show para levar a mentoria e o conhecimento do time do Cubo e do BID para fora de São Paulo”, adianta a executiva.
Representante do BID no Brasil, Hugo Flórez Timorán destaca que o Brasil tem uma lacuna ainda não preenchida para startups no setor público — segmento que representa 13% do PIB (Produto Interno Bruto) do país. “Os empreendedores têm que aproveitar esse dinheiro. O Brasil tem potencial para negócios e, por isso, queremos conectar as startups da América Latina ao país”, explica ele.
Mas para que as empresas tenham abertura para negociar com o governo, Timorán diz que o BID realiza um trabalho de sensibilização com o setor público e de mentoria com os empreendedores. “Não é um processo fácil, leva tempo. Sabemos que também existem desafios regulatórios, mas estamos trabalhando com um contexto de abertura comercial”, argumenta.
Fim do estigma de "fracasso" nos negócios
[Para estimular o crescimento sustentável de startups na América Latina e Caribe, o BID possui uma reserva de US$ 300 milhões para investimento em novos negócios, sendo que US$ 85 milhões são de capital próprio.
De acordo com Irene Arias Hofman, CEO do BID Lab, o banco latino-americano prioriza investimentos em startups de agricultura, inteligência de cidades e economia do conhecimento — que incluem healthtechs, edtechs e fintechs. As regiões Norte e Nordeste, destaca, receberão mentoria especial, uma vez que geram apenas 10% dos pequenos negócios do país.
“A América Latina e Caribe possuem 19 unicórnios [startups que valem mais de US$ 1 bilhão], sendo que muitos deles nasceram em São Paulo. O Brasil superou a questão do fracasso nos negócios e pode transmitir sua experiência aos empreendedores latinos”, justifica.