Jack Ma, bilionário chinês conhecido por defender uma jornada de 12 horas por dia, agora antevê um futuro em que as pessoas precisarão trabalhar apenas 12 horas por semana.
O fundador da gigante do e-commerce Alibaba disse nesta quinta-feira que os avanços tecnológicos vão possibilitar que as pessoas vivam mais e trabalhem muitas horas a menos.
“Sempre quando acontece uma revolução tecnológica, vêm a preocupação. Passamos os últimos 200 anos nos preocupando com a ameaça de que a tecnologia pudesse acabar com todos os empregos”, disse o empresário durante um bate-papo em Shangai, ao lado de Elon Musk, bilionário fundador da Tesla. A Tesla está construindo uma fábrica de veículos elétricos na cidade e os dois se encontraram na Conferência Mundial de Inteligência Artificial.
Jack Ma já causou polêmica por defender a prática de uma jornada de trabalho “996”, que prevalece na indústria tecnológica da China. Nesse modelo, os funcionários precisam trabalhar das 9 da manhã às 9 da noite, seis dias por semana. O empresário chegou a dizer que a oportunidade de trabalhar por tantas horas era uma “bênção” e que, sem esta cultura, a economia da China “provavelmente perderia vitalidade e ímpeto”.
Doze horas por dia é para "preguiçosos"
Outro magnata da tecnologia foi além, e disse que a jornada “996” é para preguiçosos. Richard Liu, diretor-executivo da JD.com, companhia rival de Jack Ma no e-commerce, gabou-se de trabalhar no modelo “8116+8”, ou seja, das 8h da manhã às 11h da noite, de segunda a sábado, e “apenas” oito horas aos domingos.
Na conversa com Musck, Jack Ma disse acreditar que, no futuro, as pessoas poderão ter uma jornada de trabalho muito menor. “Nos próximos 20 ou 30 anos, as pessoas viverão mais. A ciência e a tecnologia vão possibilitar que a gente viva 100 ou 120 anos”, destacou. “Isso pode não ser uma coisa legal, porque você teria seu tataravó ainda dando duro no trabalho”.
Mas o atual modelo ficará ultrapassado, disse Ma, porque o mundo não precisará mais de tantos empregos.
“Acho que as pessoas deveriam trabalhar três dias por semana, quatro horas por dia”, acrescentou, apontando para a revolução industrial e o advento da eletricidade como saltos na melhoria da qualidade de vida.
“A força da eletricidade está no fato de estender as horas do dia, daí a pessoa pode ir ao karaokê à noite, pode sair para dançar”, sublinhou. “Acredito que graças à inteligência artificial poderemos aproveitar melhor o fato de sermos humanos. Não acredito que precisaremos de muitos empregos”, reforçou, dirigindo-se a Musk. “Os empregos que precisamos são aqueles que fazem as pessoas mais felizes. Que as faz curtirem a vida, curtir serem humanos”.
Os internautas chineses não se impressionaram. “Ma já disse que a jornada 996 era uma bênção. Como é que agora sai falando que as pessoas podem trabalhar três dias por semana, quatro horas por dia, saindo para karaokês e festas noturnas?”, perguntou uma pessoa na rede Weibo – versão chinesa do Twitter.
“Falando em língua chinesa, ele pregou o modelo 996. Isso é para nós. Desta vez, falando em inglês, ele defende três dias por semana, quatro horas por dia. Isso é para os estrangeiros”, criticou o internauta. Outro cidadão, utilizando o “nickname” Soda Water, recorreu a um ditado chinês para salientar que as duas coisas não combinam: “O Elon Musk vai achar que essa conversa parece alguém tentando colocar os lábios de um burro na boca de um cavalo”.
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