Serviço de mensagens foi o primeiro a cair
Riad - A Arábia Saudita tornou-se na sexta-feira o primeiro país a suspender o serviço de mensagens do BlackBerry, aparelho questionado por vários países por seu sistema de codificação ultrasseguro, que dificulta a vigilância.
O BlackBerry, linha de smartphones da companhia canadense Research In Motion (RIM), está no centro de uma polêmica global. Na sexta-feira, a Arábia Saudita restringiu seu uso, por entender que a criptografia aplicada aos dados que trafegam na rede da empresa prejudica a segurança nacional. Outros países, como Emirados Árabes Unidos, Líbano, Indonésia e Índia, estudam medidas semelhantes. Na prática, o que esses governos querem é ter a possibilidade de interceptar o conteúdo transmitido pelos BlackBerrys. E isso a RIM tem deixado claro que não aceita essa é, na verdade, uma das características mais apreciadas pelos usuários da empresa em todo o mundo.
Chamadas, e-mails e mensagens instantâneas trocadas entre os aparelhos BlackBerry ficam centralizados em servidores da RIM, no Canadá, o que não deixa muita margem aos pedidos dos governos. Autoridades desses países alegam que esse tráfego, aliado à eventual inviolabilidade da criptografia uma tecnologia que "embaralha" as informações, para impedir a interceptação das mensagens , torna a rede da RIM um paraíso para terroristas, que poderiam se comunicar entre si sem risco de vazamentos.
Para o curitibano Brunno Toniolo, que está bem distante da polêmica do Oriente, entretanto, essa é uma das maiores vantagens do sistema, que usa há seis anos. "Posso acessar meus dados a partir de qualquer lugar do mundo, sem depender de operadora", diz.
Toniolo usa o BlackBerry (ele tem um Curve 8350i, que funciona na rede push to talk da Nextel), principalmente, para enviar e receber e-mails e para usar o BlackBerry Messenger. Como gerencia uma empresa de mineração com operações em Rondônia, essas funções representam uma economia de tempo e de dinheiro. "Tem até a questão do fuso horário", explica. "Como tem uma hora de diferença entre Curitiba e a mina, muitos e-mails chegam quando o expediente aqui já terminou. Com o BlackBerry eu posso recebê-los e respondê-los sem estar no escritório."
Por essas e outras razões, Toniolo se tornou um entusiasta do BlackBerry, embora já tenha tido smartphones de outras origens. Entre eles está um iPhone 3GS, comprado no ano passado, que já está aposentado "ficou só para joguinho", define. A RIM, entretanto, está preocupada como a concorrência da Apple. O Torch, aparelho lançado na semana passada, foi visto como uma arma da empresa para ganhar espaço na competição contra o iPhone.
No capítulo dos e-mails, a vantagem do BlackBerry é o serviço Push, em que o servidor da RIM checa as mensagens e notifica o usuário apenas quando há novidades. Isso evita que a pessoa tenha de acionar periodicamente um aplicativo. Durante muito tempo essa foi uma exclusividade da marca, mas agora ela já está presente em alguns aparelhos, como o iPhone 4. Mesmo assim, ela continua sendo um atrativo para os clientes. "É um recurso que economiza bateria", diz outro usuário, Caio Pamplona. "E a duração da bateria é um fator decisivo para escolher um smartphone hoje em dia."
Mesmo os defensores mais exaltados, entretanto, já passaram algum aperto por causa do BlackBerry. "Quando você recebe uma mensagem, quer sempre responder na hora, e isso pode ser um problema", afirma Toniolo. Ele conta que, uma vez, recebeu uma mensagem relatando um problema que havia ocorrido com um cliente, que também estava recebendo uma cópia do e-mail. "Respondi no ato e escrevi umas coisas que não devia", relata.
Lição aprendida. "Agora não respondo nada sem dar um tempo antes. Faço uma pausa, almoço, respondo depois. Com a cabeça mais tranquila".
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