A produção de aves em duas unidades da BRF (Francisco Beltrão e Dois Vizinhos) foi interrompida ontem por causa dos problemas de logística enfrentados com os bloqueios dos caminhoneiros. A empresa negocia com os manifestantes há uma semana para tentar garantir o transporte de ração e de animais vivos, mas o movimento ganhou força no fim de semana e reforçou os entraves à operação ontem.
“Não adianta abater os animais se não conseguimos os caminhões para o transporte”, afirmou o vice-presidente de Relações Institucionais e Jurídico da BRF, José Roberto Rodrigues. “Estamos vendo dificuldades em todos os estados. Eles vão desde a falta de combustível, embalagens e, se continuar nessa linha, faltarão alimentos”, completou.
O presidente do Sindicato das Indústrias de Produtos Avícolas do Estado do Paraná (Sindiavipar), Domingos Martins, mostrou preocupação com as consequências do movimento. “Existem atualmente 300 milhões de aves no Paraná que precisam ser alimentadas. A partir do momento que a soja e o milho não chegarem mais nas fábricas de ração, vamos viver um caos, corremos o risco de perder toda a produção de frango do estado.” Segundo ele, os produtores não têm costume de armazenar estoques de ração porque normalmente ela é recebida diariamente nas granjas. “Em muitas plantas, temos ração para apenas mais um dia.” Por enquanto, nenhum caminhão carregado com frango vivo foi barrado no Paraná. Mas, se for, os animais sobrevivem no máximo em torno de uma hora e meia.