O presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Luciano Coutinho, disse nesta terça-feira (4) ter a expectativa de que os bancos privados voltem a emprestar. "Não há motivo para ter no Brasil retração de crédito como nos países desenvolvidos", disse. Ele argumentou que o grau de alavancagem das instituições no Brasil não é tão grande quanto em outros países.
Ele confirmou que o BNDES estuda abrir uma linha para financiamento de capital de giro das empresas, mas entende que o ideal é que o banco não precise chegar a oferecê-la. "Esperamos que o setor privado nos dispense desse esforço", disse, confirmando em seguida que espera a retomada do crédito nos bancos privados logo. Ele lembrou que várias medidas foram tomadas pelo governo, e citou o afrouxamento dos depósitos compulsórios no Banco Central.
Coutinho disse também que a fusão do Itaú com o Unibanco é positiva, mas que não espera que faça efeitos no crédito imediatamente. Ele argumentou que os dois bancos vão continuar a trabalhar separadamente por um tempo. "Uma operação como essa leva de 12 a 18 meses", disse. Coutinho disse também que o BNDES vai ter uma postura "mais agressiva na oferta de crédito" por causa da crise. Ele prevê que os desembolsos da instituição este ano superem R$ 85 bilhões.
O presidente informou que o desempenho do banco em outubro manteve forte liberação de recursos. Ele disse ainda que os efeitos mais sérios da crise financeira internacional serão no primeiro trimestre de 2009. De acordo com ele, no Brasil, "temos que reagir mais cedo para evitar que os efeitos sejam desnecessariamente onerosos para a economia brasileira". Coutinho deu as declarações em entrevista coletiva no 4º Encontro de Instituições de Crédito Especializadas em Médio e Longo Prazos da América Latina e Europa, que se realiza nesta terça na sede do BNDES, no Rio.