O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) poderá cancelar o crédito concedido a empresas pecuaristas, caso verifique que os recursos estão provocando desmatamento na Amazônia. Isso está previsto dentro das novas operações do banco informou nesta segunda-feira(1º) em entrevista Agência Brasil, o chefe do Departamento de Meio Ambiente do BNDES, Eduardo Bandeira de Mello. Nós estamos exigindo das empresas líderes da cadeia que elas se responsabilizem pela atitude dos seus fornecedores, afirmou.

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Mello admitiu que nas operações anteriores, o banco olhava mais para o licenciamento ambiental da indústria frigorífica, que, segundo ele, não mostra tudo. E o licenciamento não cobre tudo. Quando a gente financia as operações indiretamente, por meio de agentes financeiros, o que eles são obrigados a ver é o licenciamento. E, quando você olha o licenciamento de um grande frigorífico, você vai ver que com ele está tudo certo, disse.

O problema, segundo o diretor do BNDES, estaria ocorrendo com os fornecedores. Às vezes, ele [frigorífico] está adquirindo o gado de um fornecedor que não está respeitando o Código Florestal, que está com algum tipo de pendência. É isso que nós estamos tentando corrigir nas operações que o banco vem apoiando de um a dois anos para cá. Mello assegurou, contudo, que dentro de algum tempo tudo isso vai estar resolvido.

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De acordo com o estudo Abatendo a Amazônia, divulgado hoje pelo Greenpeace, o BNDES estaria apoiando, com mais de R$ 2 bilhões, pecuaristas responsáveis pelo desmatamento da Floresta Amazônica

Falando Agência Brasil, o superintendente da Área de Meio Ambiente do BNDES, Sergio Weguelin, confirmou que a instituição entrou de sócio em algumas empresas da indústria pecuarista, com a ideia de fortalecer o capital das empresas e trazê-las para a formalidade, para as regras de governança, para as regras ambientais, para a sustentabilidade. Trata-se, segundo Weguelin, da busca de capacitação das companhias e a inserção em um processo de investimento adequado e sustentável.

Do ponto de vista do apoio do banco s empresas, o que a gente tem que ver é que isso está criando um vetor na direção certa. O superintendente de Meio Ambiente afirmou que não se consegue transformar as indústrias pecuaristas em empresas sustentáveis da noite para o dia.

Segundo ele, o BNDES está preocupado em colocar cláusulas contratuais e participar dos conselhos das empresas. Do ponto de vista ambiental, lembrou que mais órgãos estão envolvidos no processo, e que a questão do licenciamento deve incorporar regras da cadeia de fornecedores, o que não vinha ocorrendo anteriormente. Todos temos interesse em que a Amazônia não seja devastada, em que o gado não avance de forma predatória, afirmou Sergio Weguelin garantiu que o BNDES está se organizando de forma a que esse processo tenha cada vez mais mecanismos de controle.

O superintendente esclareceu que boa parte dos recursos financiados pelo banco ao setor ocorreu via participação acionária. O banco entrou de sócio dessas empresas. E muitos dos outros financiamentos ocorreram indiretamente, s vezes, via Cartão BNDES. Eu ressaltaria que está ocorrendo agora um grande processo virtuoso de inserção dessa indústria na formalidade e nos melhores padrões de governança, disse.

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