O presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Luciano Coutinho, engrossou ontem o coro em defesa da consolidação do setor elétrico, com a criação de grupos com disposição e capacidade para investir em grandes projetos do setor elétrico nacional. O assunto está na pauta do governo, que trabalha para fortalecer a Eletrobrás, e da iniciativa privada, em negociações para a fusão de empresas do setor.
"É de interesse do País ter investidores comprometidos, com estratégia mais proativa para a criação de novas unidades geradoras, mais transmissão e distribuição", afirmou Coutinho, em entrevista à Agência Estado, em Londres, após participar de evento na Câmara Brasileira de Comércio na Grã-Bretanha. Ele não quis especificar qual seria o papel do BNDES na consolidação do setor elétrico. "Esse é um assunto fundamentalmente do setor privado, que depende de decisões de lideranças do setor privado" comentou.
Além de possível financiador de fusões e aquisições, o BNDES tem participação relevante na Brasiliana, holding de Eletropaulo e AES Tietê, controlada pela americana AES. A empresa é alvo de cobiça de grupos que vêm mostrando disposição em investir na criação de grandes grupos.
Nessa lista, destacam-se a construtora Camargo Corrêa, o fundo de pensão Previ (Banco do Brasil) e a estatal mineira Cemig. A Camargo pressiona pela união entre Brasiliana, CPFL e Neoenergia - as duas últimas com forte participação da Previ, que também já se pronunciou em favor de uma reorganização do setor. Já a Cemig expandiu seus domínios para o Rio com a compra da Light e não esconde o apetite pelo mercado paulista.
"O País está carente de grupos capacitados, fortes e comprometidos em investir firmemente no setor", defendeu Coutinho, sem declarar preferências por qualquer grupo. Ele disse que o mesmo raciocínio vale para o setor de etanol, que vem passando por uma série de fusões e aquisições. Ele frisou, porém, que o fortalecimento de grupos nacionais não é contrário à presença e ao desenvolvimento de companhias estrangeiras no segmento.
"Vários dos projetos recentes de empresas estrangeiras tiveram o apoio do BNDES." Segundo ele, o banco não entrará na estatal de telecomunicações estudada pelo governo, com a reativação da Telebrás. "O BNDES não entraria porque não é necessário", afirmou. Segundo Coutinho, o banco estará preparado para financiar os equipamentos e a expansão da infraestrutura das operadoras privadas e de quem estiver qualificado para atuar. No entanto, a Lei de Responsabilidade Fiscal não permite empréstimos do BNDES para empresas dependentes do Tesouro, lembrou.