Braço de participações do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), a BNDESPar está se tornando instrumento cada vez mais útil ao governo para influenciar a economia. A subsidiária foi peça importante da operação que ampliou a participação estatal no capital da Petrobras, mas também põe digitais do governo em pelo menos outras 150 empresas.
O valor de mercado da carteira de ações da BNDESPar ultrapassou R$ 76 bilhões este ano. Quase 80% dos papéis são de empresas que têm ações negociadas na bolsa. Além da Petrobras, na qual sua porção avançou de 7,7% para 11,8%, a BNDESPar tem participações em várias outras empresas consideradas estratégicas pelo governo. O portfólio vai da estatal Eletrobrás (18,5%) e da tele Oi (16,89%) às gigantes Vale (9,79% da controladora) e Embraer (5,37%). Passa ainda por empresas em estruturação, como a LLX, de Eike Batista (6,02%), e promessas da tecnologia, como Totvs (4,35%) e Bematech (8,21%).
Constituída em 1982 como uma sociedade de controle integral do BNDES - que tem o Tesouro Nacional como único acionista -, a BNDESPar teve boa parte do portfólio formada a partir do seu papel auxiliar nas privatizações da década de 90. No governo Lula, a subsidiária tem sido convocada pelo banco para tirar do papel as diretrizes da chamada política industrial, que incentiva a consolidação e internacionalização em setores considerados prioritários.
Nesse período, ajudou a viabilizar fusões como sócia de empresas como Fibria Celulose (30,42%), união entre VCP e Aracruz; Brasil Foods (2,55%), formada por Perdigão e Sadia; e a petroquímica Braskem (5,55%), que absorveu a rival Quattor. Sem falar no incentivo ao crescimento da Oi, com o argumento de manter o controle nacional da companhia em meio à invasão estrangeira na economia.
Além da compra de ações, a subsidiária do BNDES tem capitalizado empresas com a aquisição de títulos de dívida de longo prazo. A carteira de debêntures da BNDESPar soma R$ 7,5 bilhões em papéis de empresas como Gerdau (R$ 1,3 bilhão), Vale (R$ 1,19 bilhão) e ALL Logística (R$ 258,1 milhões). Na semana passada, a BNDESPar se comprometeu a adquirir pouco mais de R$ 1 bilhão em debêntures da Hypermarcas para manter o seu apetite de aquisições no setor farmacêutico.