A Boa Vista SCPC, um dos maiores birôs de crédito do país, estreou na B3 com ações em alta nesta quarta-feira (30), apesar do mau humor do mercado financeiro com as sinalizações vindas do governo Bolsonaro. O IPO da companhia, ocorrido na segunda-feira (28), já havia levantado R$ 2,17 bilhões e precificado as ações em R$ 12,20. Os papeis já começaram em alta no início do pregão, e a valorização alcançou até 14% no meio da tarde, sendo negociados a R$ 13,90.
O IPO da Boa Vista foi coordenado pelo JPMorgan, Citibank e Morgan Stanley e já obteve um bom resultado, com a precificação no centro da meta estabelecida – a volatilidade do mercado nacional fez com que outras empresas tivesse resultados abaixo do esperado nessa abertura. A valorização das ações na estreia vem fortalecer o processo de abertura de capital.
O birô de crédito é mais uma das empresas brasileiras que aderiu ao movimento de abertura de capital, apesar da pandemia da Covid-19, embora a companhia tenha segurado um pouco o processo para avaliar o mercado. A Boa Vista é uma empresa de informações de crédito, e também administra banco de dados e transações entre empresas. Fundada em 2010 pela Associação Comercial de São Paulo (ACSP), também tem entre os acionistas a TMG Capital, Equifax Inc, Associação Comercial do Paraná (ACP), Clube de Diretores Lojistas do Rio de Janeiro e Câmara de Dirigentes Lojistas de Porto Alegre.
Mais recentemente a Boa Vista foi uma das gestoras do novo Cadastro Positivo, um banco de dados de bons pagadores, que dá uma nota de crédito (score) para cada pessoa. Isso pode facilitar a análise de concessão ou extensão de crédito, por exemplo.
Estreia da Boa Vista na B3 ocorre em dia de turbulência do mercado
O pior momento da pandemia da Covid-19 já passou, mas a estreia da Boa Vista SCPC na B3 ocorreu justamente em uma das semanas em que o mercado está de péssimo humor. Na segunda e terça-feira, a Bolsa fechou em queda e o dólar em alta. Os juros futuros também dispararam.
Na segunda-feira (28), dia do IPO da Boa Vista, o governo Bolsonaro apresentou a proposta do Renda Cidadã, programa que será uma reformulação do Bolsa Família, mais amplo para atender também aqueles que estão recebendo o auxílio emergencial.
O problema foi a solução para financiamento do programa: usar recursos dos precatórios – dívidas que a União tem com pessoas e empresas, reconhecidas definitivamente pela Justiça – e do Fundeb, o fundo para educação básica que passou por recentes modificações. Para o mercado, isso foi uma sinalização de pouco comprometimento com as medidas de responsabilidade fiscal e respeito ao teto de gastos.
Nesta quarta, a Bolsa abriu o pregão em queda, mas foi dando sinais de recuperação ao longo do dia. Isso foi impulsionado pelo cancelamento da sessão do Congresso que avaliaria vetos presidenciais, como a desoneração da folha de pagamento. Era esperada a derrubada de um veto, que provocaria um impacto de R$ 5 bilhões nas contas públicas. O resultado positivo do Caged, indicador de emprego formal anunciado nesta tarde, também ajuda a conter os ânimos.
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