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Boatos sobre substituição de Levy crescem dentro e fora do governo

A pressão sobre a saída de Levy não é nova e vem também da direção do PT, mais precisamente do ex-presidente  Lula | Pilar Oliveira/Reuters
A pressão sobre a saída de Levy não é nova e vem também da direção do PT, mais precisamente do ex-presidente Lula (Foto: Pilar Oliveira/Reuters)

O ministro da Fazenda, Joaquim Levy, foi alvo de críticas em evento promovido nesta quarta-feira (11) pela CNI (Confederação Nacional da Indústria).

O presidente da entidade, Robson Andrade, afirmou que o ministro não tem promovido políticas para fomentar o desenvolvimento do país. Já Armando Monteiro, ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, disse que Levy precisa “aumentar sua interlocução”.

As ressalvas ocorrem em meio a especulações de que Levy pode ser substituído pelo ex-presidente do Banco Central no governo Lula, Henrique Meirelles.

“O que nós precisamos no Brasil hoje é alguém que mostre que o Brasil tem uma política econômica suficiente e boa para poder criar desenvolvimento no Brasil, e isso nós não temos visto no Ministério da Fazenda”, afirmou Andrade a jornalistas após a abertura do Encontro Nacional da Indústria, que reuniu executivos do setor, parlamentares e autoridades do governo.

“Nós temos que ter esperança, temos que acreditar que o Brasil é maior do que a crise, mas a esperança não vem de graça, a esperança vem através de lideranças importantes que possam fazer com que a gente acredite que as mudanças vão surgir”, completou.

Armando Monteiro classificou de “muito ruim” a especulação de que Levy possa deixar o governo e frisou que ele tem condições técnicas de “cumprir sua missão”, mas também fez uma ponderação.

“Evidentemente que o ministro Levy tem que ampliar sua interlocução, aproximar o diálogo com os setores, inclusive da produção, do empresariado”, afirmou. “Mas eu tenho certeza que o ministro Levy vai continuar a realizar o seu trabalho.”

O ministro da Fazenda era esperado no início do evento da CNI, mas adiou sua participação para horário ainda incerto.

Fogo amigo

A pressão sobre a saída de Levy não é nova e vem também da direção do PT, mais precisamente do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e do presidente da legenda, Rui Falcão, que apostam em Meirelles como a solução por considerá-lo mais “maleável”, segundo uma fonte ouvida pela Reuters.

A ideia é que, pelo seu perfil técnico, mas também político, Meirelles agradaria ao mercado financeiro mas também traria algum alento para os movimentos sociais que sustentam o PT. O ex-presidente do BC poderia negociar melhor no Congresso Nacional, que vive verdadeiro pé de guerra com Dilma, e poupar os programas sociais do governo, com destaque ao Bolsa Família.

A cúpula do PT e de parte do Executivo está incomodada com o discurso “negativo” de Levy, com o mantra em torno de aumento de impostos e cortes de gastos para resolver a questão fiscal do país. A presidente Dilma nunca escondeu que não gosta de Meirelles mas, segundo fontes, estaria sendo convencida de que ele seria a solução para o atual momento, com o país em recessão e inflação na casa dos 10%.

Presidente do Conselho da J&F, holding controladora da JBS, Meirelles foi filiado ao PSDB, partido pelo qual se elegeu deputado federal em 2002. Ele acabou não assumindo o mandato para presidir o BC no governo Lula e deixou o PSDB.

Em 2009 voltou a filiar-se a um partido político, o PMDB, onde ficou até 2011, e agora está no PSD, do ministro da Cidades, Gilberto Kassab.

“Outsider”

Dentro do Palácio do Planalto, a defesa é de permanência de Levy ao menos enquanto Dilma o considerar necessário. Segundo um ministro próximo à presidente, não há definição sobre eventual substituto de Levy.

“Ele (Levy) sempre foi um ‘outsider` no governo. Apesar da presidente tentar falar para fora do governo que ele é um cara dela, ele não tem uma proteção tão forte do Planalto”, avalia o ministro. “Ele não conseguiu se firmar como o cara da economia. Ele está sempre na berlinda. O maior problema é a falta de um substituto.”

No Planalto também há a cobrança para que se comece a tratar de uma agenda pós-ajuste fiscal, de cunho mais positivo. Nos últimos dias, Dilma cobrou de Levy essa agenda, mas mesmo ministros próximos à presidente acreditam que Levy ficou marcado pelo ajuste e se desgastou a ponto de não ter mais espaço para falar de pós-ajuste.

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