Linha de montagem da Boeing| Foto: Jason Redmond/Arquivo AFP

A Boeing teve a maior queda no mercado de ações em mais de dois meses com a notícia de que a empresa estaria avaliando uma interrupção temporária da produção do seu problemático 737 Max. Com a chance de que a aprovação regulatória do retorno do jato à operação possa demorar para além de janeiro, o conselho da fabricante considera a possibilidade de diminuir ainda mais a já reduzida montagem do seu avião mais vendido. Alguns executivos, no entanto, estariam convencidos de que uma pausa completa causaria menos mal-estar.

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Uma decisão poderá ser tomada pelos diretores da companhia logo no começo da semana. Para a segunda-feira (16) está prevista a revisão dos planos de fabricação do programa 737, a maior fonte de caixa da empresa, como parte da reunião de dezembro do conselho. Nessas reuniões, o grupo normalmente define os dividendos da empresa para o próximo ano e decide suas recompras de ações, que foram suspensas em meio à crise sem precedentes, provocada pela retirada dos 737 Max de serviço.

A ação da Boeing caiu 2,9%, para U$S 331,89 dólares, às 9h40 em Nova York. Anteriormente, o Wall Street Journal informara que o planejamento de produção se tornava mais urgentes, pois a Administração Federal de Aviação dos EUA (FAA, na sigla em inglês) sinalizou que não deve certificar o Max renovado ainda em 2019.

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"Continuamos a trabalhar em estreita colaboração com a FAA e os reguladores globais para a certificação e o retorno seguro ao serviço do Max", afirmou a Boeing em email. "Continuaremos a avaliar as decisões de produção com base no tempo e nas condições de retorno ao serviço, que serão baseados em aprovações regulatórias e podem variar de acordo com a jurisdição", concluiu a companhia.

Contenção de danos

A fabricante de aviões norte-americana elaborou planos de contingência para uma variedade de cenários, à medida que a permanência do 737 Max em solo em todo o mundo se estende por mais de nove meses após dois acidentes fatais que mataram 346 pessoas.

A Boeing reduziu a produção do 737 em 19% nas semanas logo após a tragédia de março, na Etiópia. Enquanto isso, os custos de estoque aumentaram para níveis recordes, com a fábrica da empresa em Renton, Washington, continuando a produção de 42 jatos por mês. Como a empresa não tem permissão para entregar o modelo de aeronave enquanto a proibição de voo permanecer em vigor, a Boeing já tem mais de 380 aviões recém-construídos em armazenamento, de acordo com a contagem feita por um blog especializado; acúmulo que continuará caso a produção não pare.

Agora, a empresa estuda se deve interromper a fabricação do Max, mas por um período curto e restrito. Os executivos acreditam que essa abordagem economizaria dinheiro e teria menos probabilidade de provocar demissões generalizadas do que impor outra desaceleração da fábrica.

A reunião do conselho da Boeing acontece após uma semana complicada para a gigante aeroespacial. Em um sinal de crescente rancor entre a empresa e seu regulador, o administrador da FAA, Steve Dickson, se disse preocupado com pressões para apressar a liberação e repreendeu a companhia por insistir num cronograma irreal de retorno do Max à operação - que não ocorrerá antes de 2020.

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