Avião da família E2 da Embraer.| Foto: Divulgação/Embraer

A união dos negócios entre a Embraer e a Boeing abre espaço para que seja acelerado o antigo plano de desenvolver um novo avião em São José dos Campos, no interior de São Paulo. Segundo John Slattery, presidente da Boeing Brasil - Commercial, o braço de vendas da empresa combinada, as duas companhias juntas terão fôlego financeiro para criar um novo modelo, provavelmente um turboélice. "Gostaria de fazer isso", disse, ao citar que a empresa já conversa com clientes para entender as necessidades do mercado.

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Presente ao encontro anual da Associação Internacional de Transporte Aéreo (Iata, na sigla em inglês), na Coreia do Sul, Slattery disse esperar que as autoridades do Brasil e dos Estados Unidos deem todas as autorizações para o negócio até o fim do ano. Quando receber o aval, a equipe comercial da Boeing começará a vender os aviões brasileiros pelo mundo.

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Criados pela Embraer, os modelos da família E-Jets, porém, poderão ter o nome modificado. "Estamos apenas começando o processo para considerar o nome dos novos aviões. Sempre respeitaremos o passado, mas estamos construindo uma empresa para o futuro".

Leia, a seguir, os principais trechos da entrevista:

A família dos E-Jets irá mudar de nome para inclusão da marca Boeing?

Não sei. Vamos falar primeiro do nome da companhia e depois falamos sobre os jatos. O escolha do nome da companhia Boeing Brasil - Commercial foi um processo no qual nossos funcionários estiveram profundamente envolvidos, bem como os da Boeing e os clientes. Fizemos muita pesquisa, encontros, discussões. Perguntamos o que seria importante no novo nome e reconhecemos que o que queríamos era olhar para o futuro. O que nos ajudaria a vender mais aviões e proteger a sustentabilidade das operações, inclusive empregos no Brasil. A marca Boeing tem enorme valor agregado e nível de reconhecimento é maior. No sudeste asiático, por exemplo, o nome Boeing tem um grau de reconhecimento, e a Embraer não tem. Precisamos ser pragmáticos: a Embraer não tem o mesmo grau de reconhecimento que a Boeing.

É mais atraente?

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Não que seja mais atraente - e as palavras são muito importantes aqui. A questão é o maior nível de reconhecimento e também um alto grau de respeito na região. Quando os nossos funcionários pensaram sobre o nome, sentiram que o poder de reconhecimento da marca da Boeing é algo que queriam encampar para continuar crescendo. Aliado a isso, eles sentiram que gostariam de ter a cultura brasileira e a paixão por excelência reconhecidas. Por isso, decidimos incluir Brasil na marca, com "S" como se escreve em português e não com "Z". Outro ponto é que a Embraer continua. Ela ainda existe e não podemos usar o nome dela. Todo esse processo de busca por um novo nome durou pelo menos dois meses.

E com relação ao nome dos novos aviões?

Estamos começando o processo para considerar o nome dos novos aviões e não posso prever como ou se irão mudar. Mas o que pensamos segue a mesma linha de raciocínio de sucesso, que é: o que nos fará vender mais aviões no futuro. Sempre respeitaremos o passado, mas estamos construindo uma empresa para o futuro.

Quais clientes Boeing têm modelos concorrentes dos E-Jets e, por isso, podem comprar os aviões brasileiros?

A Boeing Brasil - Commercial hoje é capaz de apresentar uma solução completa, de ponta a ponta: da criação do projeto da aeronave à sua montagem. Sabemos como fazer pesquisa de mercado, desenvolver, construir e vender aviões. Manter essa capacidade é muito importante. Um dos benefícios da joint venture é que teremos acesso a um balanço grande, o que nos capacita a considerar o desenvolvimento de um novo avião. Lógico, se isso se atender as necessidades de sustentabilidade das operações no Brasil.

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Que tipo de projeto? Algo maior ou menor que os atuais E-Jets?

Tivemos conversas no passado, que continuo a ter com meu time, sobre o desenvolvimento de um turboélice que complementaria a família de jatos da Embraer. No momento, avaliamos em conjunto com os clientes que o tipo de avião.

Quais as perspectivas com relação ao potencial de geração de empregos da nova empresa?

O processo ainda está em andamento. Será um número significativo, mas não estamos informando ao mercado um número específico.

Qual é a perspectiva de o corpo técnico brasileiro começar a colaborar em projetos da Boeing liderados por Seattle?

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Há um enorme respeito entre os engenheiros dos Estados Unidos pelo trabalho dos brasileiros e vice-versa, e uma sinergia entre esses dois times é esperada. Isso deve começar a acontecer assim que tivermos todas as aprovações para a transação.

Quando a venda dos E-Jets passará a ser feita pelos EUA?

Assim que fecharmos todas as aprovações necessárias ao negócio, que, esperamos, deve ocorrer antes do fim do ano.