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Aviação

Boeing não sabe quando os 737 Max voltarão a voar e vê lucros caírem

Boeing 737 Max decola do aeroporto de Renton (EUA), em 2016 (Foto: Bloomberg)

A Boeing divulgou, na quarta, uma queda nos lucros e vendas e reconheceu que as preocupações com a segurança de seus aviões 737 Max estão afetando os negócios. A gigante aeroespacial informou que seu lucro caiu 13%, para US$ 2,1 bilhões, no primeiro trimestre. As vendas caíram 2%, para US $ 22,9 bilhões.

A Boeing informou na quarta-feira que está contabilizando US$ 1 bilhão em custos extras da produção de aviões da 737 Max. No início deste mês, a empresa reduziu a produção para 42 aviões por mês, de 52. Esses custos não incluem possíveis penalidades financeiras associadas à compensação de companhias aéreas e famílias de vítimas, o que, segundo analistas, pode chegar a bilhões de dólares.

Talvez mais preocupante para os investidores, a Boeing tomou a medida incomum de retirar suas estimativas para resultados financeiros futuros, dizendo que não poderia prever as vendas enquanto ainda está trabalhando com os órgãos reguladores para obter aprovação das correções do 737 Max.

"Devido às incertezas sobre o tempo e as condições em torno do retorno ao serviço da frota do 737 Max, novas orientações serão emitidas em uma data futura", disse a empresa em comunicado à imprensa. "A Boeing está fazendo um progresso constante no caminho para a certificação final de uma atualização de software para o 737 Max, com mais de 135 voos de teste e de produção da atualização de software."

O panorama dos negócios da Boeing mostram a rapidez com que a sorte da empresa se reverteu desde que dois acidentes mortais de um 737 Max na Indonésia e outro na Etiópia mataram 346 pessoas. A Boeing tem sido muito apreciada pelos investidores como uma máquina produtora de dinheiro com enorme potencial de crescimento. A empresa superou as estimativas de lucros de Wall Street em 11 trimestres consecutivos.

Em uma conferência com analistas na quarta-feira, Dennis Muilenburg, CEO da Boeing, projetou confiança no futuro do negócio e rejeitou a possibilidade de que a empresa cometeu um erro no projeto do sistema de aumento de características de manobra (MCAS, na sigla em inglês, um sistema anti-estol que teve um papel relevante nos dois acidenmtes.

"Não houve surpresa, nem brecha ou algo desconhecido que, de alguma forma, tenha passado pela certificação", disse Muilenburg. "Nós sabemos exatamente como o avião foi projetado e sabemos exatamente como o avião foi certificado."

O CEO disse que os acidentes foram causadas por uma "série de eventos" que incluíram dados errados dos sensores sendo introduzidos no software do MCAS. "Houve ações, ou ações não tomadas, que contribuíram para o resultado final", disse ele.

Ele disse que a empresa continuará mantendo um diálogo aberto com grupos de pilotox que foram altamente críticos das decisões tomadas pela Boeing nos meses entre os dois acidentes. "Achamos que uma voz chave em tudo isso serão os pilotos", disse Muilenburg na quarta-feira. "Esst vínculo entre o passageiro e o piloto é crítico."

O CFO da Boeing, Greg Smith, expôs os diversos aspectos das operações da empresa que foram afetados pela suspensão dos voos com o 737 Max. A Boeing designou uma equipe dedicada para gerenciar a crise do 737 Max, cujo trabalho é trabalhar com fornecedores para alterar os cronogramas de produção, ajudar os órgão reguladores a avaliar a correção do software e planejar que os aviões sejam entregues rapidamente quando a suspensão dos voos terminar.

A American Airlines e a Southwest cancelaram os voos com 737 Max até agosto. Os cancelamentos afetam centenas de voos todos os dias.

Não está claro se a proposta de correções no software e no treinamento da Boeing vai satisfazer a FAA, que não emitiu nenhum aviso oficial sobre quando espera levantar a ordem de suspender os voos.

A Boeing ainda não apresentou seu pacote final de correções de software para aprovação da FAA, refletindo um atraso em relação ao cronograma inicial. Mesmo se a FAA determinar que a correção de software da Boeing é suficiente para tornar o avião seguro para voar, não está claro se os reguladores internacionais seguirão o exemplo da FAA.

Muilenburg disse na quarta-feira que há "diferentes ritmos e diferentes processos em cada país" e que a empresa está "trabalhando com cada país para tentar alinhá-los".

Os executivos da Boeing pareciam reconhecer na quarta-feira que enfrentam uma crise de confiança mais ampla que pode persistir muito depois do fim da suspensão. Executivos disseram que estão trabalhando com companhias aéreas para desenvolver planos sobre como cada um pode recuperar a confiança dos clientes.

"Sabemos que temos muito trabalho a fazer para ganhar e reobter a confiança de nossos clientes de companhias aéreas e do público que voa em particular", disse Muilenburg.

Empresas suspendem voos com avião da Boeing

A American Airlines anunciou que cancelará todos os voos que envolvem sua aeronave 737 Max até 19 de agosto, afetando mais de 100 vôos por dia para a companhia aérea. A Southwest Airlines, outra companhia aérea norte-americana que opera os 737 Max 8, cancelou os voos que envolvem a aeronave até o dia 5 de agosto.

Embora a empresa tenha demorado a reconhecer a gravidade dos problemas com o 737 Max, Muilenburg se desculpou anteriormente pelas mortes causadas pelos acidentes.

Além da queda nos lucros, a empresa disse aos investidores que reservaram recursos associados ao custo de atualização e treinamento dos pilotos no MCAS. A Boeing não especificou quanto isso custaria.

A Boeing havia dito anteriormente, em janeiro, que espera fluxo de caixa livre - uma medida de quanto dinheiro a empresa gera depois de descontar o custo de investimentos - de US$ 17 bilhões a US$ 17,5 bilhões neste ano.

A empresa agora se recusa a dizer se pode alcançar esse objetivo. Analistas da Cowen prevêem cerca de US$ 12 bilhões em fluxo de caixa livre este ano.

Em outro impacto da crise do 737 Max, a Boeing parou seu plano de recomprar US $ 18 bilhões em ações. A Boeing tem estado na vanguarda de uma recente onda de compras corporativas de ações, comprando cerca de US $ 24 bilhões em suas ações nos últimos três anos - quase três quartos do fluxo de caixa livre da empresa durante esse período.

A empresa informou que comprou US $ 2,3 bilhões em ações este ano, mas parou de comprá-las em meados de março devido à suspensão dos voos do 737 Max. Um executivo da Boeing disse na quarta-feira que a empresa "suspendeu temporariamente seu programa de recompra de ações", mas espera que sua estratégia de recompra de ações a longo prazo não seja afetada.

As ações da Boeing tiveram pouco alteradas após os resultados de quarta-feira. As ações quase triplicaram em valor em três anos, o aumento mais rápido da história e do crescimento da companhia, quase quatro vezes mais rápido que a média industrial do Dow Jones durante esse período. Mas a confiança dos investidores na Boeing tem oscilado desde o segundo acidente com um 737 Max 8 no mês passado na Etiópia. De lá para cá, a empresa perdeu 10% do valor de mercado.

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