São Paulo O presidente da Petrobras Bolívia, José Fernando de Freitas, afirmou ao jornal boliviano "La Razón que o país vizinho não tem condições de realizar os investimentos necessários para cumprir os contratos de fornecimento de gás já assinados com Brasil e Argentina. Hoje a Bolívia fornece 26 milhões de metros cúbicos de gás por dia ao Brasil de um contrato que prevê alcançar até 30 milhões de metros cúbicos. Já para a Argentina o fornecimento é de 4,5 milhões e o contrato prevê até 7,7 milhões. "Se todos os mercados pedissem os volumes máximos, e estamos próximos disso, a Bolívia não teria capacidade para entregá-los, disse Freitas.
Ele também afirmou que a Petrobras busca "fontes alternativas de fornecimento de gás para o Brasil e que não vai fazer os investimentos necessários para ampliar a capacidade de produção na Bolívia. "As ações da Bolívia [que nacionalizou as reservas de petróleo e gás] geraram no consumidor do gás boliviano no Brasil uma desconfiança sobre o fornecimento, afirmou. "E quem vai fazer investimentos no marco [regulatório] que temos hoje? Seguramente não será a Petrobras.
A empresa espera manter na Bolívia apenas o fornecimento de até 30 milhões de metros cúbicos de gás por dia que já está previsto. O executivo disse que deve ser adiada indefinidamente a construção de um pólo gás-químico na fronteira entre Brasil e Bolívia que representaria investimentos de US$ 1,5 bilhão.
Já a ampliação do fornecimento de gás para 45 milhões de metros cúbicos diários, que também já estava prevista, consumiria mais US$ 1 bilhão em investimentos, já que a Petrobras teria que construir novas plantas de processamento e exploração e ampliar a capacidade de transporte.
A Petrobras também poderia participar do aumento do fornecimento de gás para a Argentina por meio do Gasoduto Noroeste Argentino, projeto que também estava em negociação.
O executivo disse, no entanto, que Brasil e Bolívia mantêm negociações, que não há uma decisão final e que o ministro Silas Rondeau (Minas e Energia) vai à Bolívia para se encontrar com autoridades locais no próximo dia 15.
O presidente da Petrobras Bolívia, entretanto, voltou a descartar aumentos no preço do gás do país vizinho que não estejam previstos em contrato. "A posição da Petrobas tem sido de escutar as reivindicações da YPFB [estatal de petróleo da Bolívia], analisá-las e devolvê-las com a resposta de que não há espaço para alteração no processo de reajuste de preços estabelecido no contrato vigente, afirmou.
Sobre a transferência dos ativos da Petrobras para o controle do Estado boliviano, medida que está prevista no decreto que nacionalizou as reservas de hidrocarbonetos, Freitas disse que as negociações com a YPFB estão paralisadas há mais de dois meses.
Ele afirmou, entretanto, que a Petrobras espera ser indenizada pela Bolívia pela transferência de ações de suas empresas. O valor dos ativos ainda não foi definido e a empresa defende que seja contratada uma instituição independente para fazer a avaliação. A Petrobras também informou que deseja vender 100% de suas ações na Bolívia a não ser que possa manter o sistema de gestão de suas refinarias e suas operações técnicas.