São Paulo Quem investe em ações negociadas na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) anda apreensivo por conta das recentes perdas do dia 10 até a última quinta-feira, a baixa acumulada pela Bolsa brasileira foi de 8,79%. Analisando as perspectivas para o longo prazo, entretanto, o mercado acionário continua sendo uma opção atraente de aplicação, capaz de proporcionar retorno superior à renda fixa e ao CDI (taxa de juro praticada no mercado interbancário).
"O investidor deve ter consciência de que o investimento em ações precisa sempre considerar períodos mais longos, e não semanas ou poucos meses", afirma Alexandre Maia, economista-chefe da GAP Asset Management. Isso porque, com mais tempo, é possível recuperar os prejuízos do curto prazo.
O atual pessimismo exagerado, na opinião de especialistas começou no dia 10, quando o Fed (Federal Reserve, banco central norte-americano) decidiu aumentar em 0,25 ponto porcentual, para 5% ao ano, a taxa básica de juros dos EUA. O clima azedou de vez na terça-feira, pela divulgação do CPI (índice de preços ao consumidor) dos EUA, que ficou em 0,6% em abril, ligeiramente superior ao 0,5% que os economistas previam.
Quando os juros nos EUA sobem, grandes investidores internacionais abandonam suas aplicações em mercados emergentes para buscar ativos de menor risco, como os treasuries (títulos do tesouro norte-americano) de dez anos, cujo rendimento hoje está em 5,06% ao ano.
Ainda é cedo para dizer se o mau humor observado nos últimos pregões da Bolsa representa uma inversão de tendência. Para Alex Agostini, economista-chefe da Austin Rating, uma melhor definição sobre os rumos dos juros norte-americanos, a qual permitirá aos investidores rever sua estratégia, virá no final deste mês.
"Em 31 de maio, o Fed divulga a ata da última reunião, e poderá explicar melhor o que o levou a tomar a decisão de aumentar os juros e se novas elevações serão necessárias", diz. "Ou o mercado vai operar nesse nível um pouco mais baixo ou então vai retomar o otimismo de antes."
O nervosismo é mau conselheiro em épocas de bastante volatilidade, como atualmente. Quando o cenário é de incertezas, melhor é ter cautela a maior parte dos analistas sugere esperar mais um pouco antes de tomar alguma decisão quanto a estratégias de investimento. Ao pensar em construir uma carteira de ações, o investidor precisa levar em consideração seu perfil se é conservador, moderado ou agressivo , o montante de recursos de que dispõe para aplicar e seus objetivos de poupança. Uma dica de portfólio mais seguro para o longo prazo, segundo os especialistas, são papéis de empresas dos setores de mineração, siderurgia, petróleo e bancário.