Após uma série de indicadores econômicos dos Estados Unidos ter levantado dúvidas sobre quando o banco central americano começará a reduzir seu estímulo à economia daquele país, o Ibovespa, principal índice da Bolsa brasileira, fechou nesta quarta-feira (4) praticamente estável, com leve queda de 0,26%, a 50.215 pontos. "A principal referência foi o resultado positivo do mercado de trabalho americano, que pressionou a Bolsa brasileira. Uma indicação de que a economia dos EUA já pode caminhar sem estímulos alimenta perspectivas de que os emergentes, como o Brasil, serão prejudicados por um volume menor de investimentos estrangeiros", diz Pedro Galdi, analista-chefe da SLW Corretora.
O setor privado dos EUA abriu 215 mil postos de trabalho em novembro, superando as expectativas de economistas. O resultado de outubro foi revisado para 184 mil, ante leitura inicial de 130 mil. "Outros indicadores, no entanto, tiveram desempenho em linha com o esperado e, por isso, a Bolsa amenizou a perda no decorrer do dia", acrescenta Galdi. Entre eles, o deficit comercial em outubro, que ficou em US$ 40,6 bilhões, e as vendas de novas casas no mesmo período, que saltaram 25,4%, para 444 mil unidades. A divulgação dos relatórios de outubro havia sido adiada devido à paralisação parcial de 16 dias do governo no mês passado.
Perto do fechamento dos negócios, o Fed (banco central americano) divulgou seu "Livro Bege", documento que compila a opinião de representantes do mercado sobre os setores da economia. A avaliação foi de que a atividade segue melhorando em ritmo moderado, com sinais de retomada nos segmentos manufatureiro e varejista, por exemplo.
O momento em que o Fed poderá começar a reduzir seu estímulo nos EUA é o que mais tem pesado sobre os mercados emergentes nos últimos meses.
Desde 2009, o Fed recompra US$ 85 bilhões por mês em títulos públicos para injetar recursos na economia e estimular uma retomada. Como parte desse dinheiro acaba migrando para outros países, como o Brasil, na forma de investimentos, um corte no incentivo preocupa os investidores.
Essa preocupação, segundo operadores, fez com que o dólar tivesse nova alta hoje, a sétima seguida. A moeda americana negociada no mercado à vista (referência no mercado financeiro) teve valorização de 0,12% em relação ao real, cotada em R$ 2,379 -renovando seu maior valor desde 3 de setembro deste ano, quando ficou em R$ 2,383.
Já o dólar comercial, usado no comércio exterior, subiu 0,42%, a R$ 2,389 -também renovando seu maior valor desde 22 de agosto, quando ficou em R$ 2,432. Nem mesmo a continuidade do programa de intervenções diárias do Banco Central no câmbio conseguiu evitar o avanço da moeda americana hoje.