Bolsa de Nova Iorque cai ao nível de 12 anos atrás

A Bolsa de Nova Iorque desceu ontem ao menor patamar desde 1997, ano que marcou o auge da crise financeira originada nos Tigres Asiáticos. Como se não bastasse o pessimismo dos investidores em relação ao desaquecimento do consumo e às necessidades crescentes de capitalização do sistema financeiro nos Estados Unidos, os investidores receberam durante o pregão notícias ruins de um setor que ainda não vinha sofrendo com tanta força os efeitos da turbulência internacional, o de tecnologia da informação.

O Departamento do Tesouro dos EUA bem que tentou reanimar o mercado no início da tarde, divulgando detalhes do novo plano de resgate dos bancos, que começa a ser implementado amanhã, e afirmando que "o pressuposto fundamental do programa é o de que os bancos devem permanecer em mãos privadas". Ainda segundo o texto, o governo norte-americano vai "garantir que os bancos tenham o capital e a liquidez para oferecer o crédito necessário e para restaurar o crescimento econômico".

Teste de resistência

Mas, apesar de as ações do setor financeiro terem mostrado uma certa recuperação com as garantias apresentadas ontem, outra passagem do comunicado do Tesouro, que trata do chamado "teste de resistência dos bancos", causou desconfiança. Nela, a hipótese de estatização de instituições financeiras, mesmo que parcial, volta a ser levantada. "As necessidades dos grandes bancos dos EUA serão avaliadas sob uma perspectiva desafiadora. Caso esse teste indique que um novo aporte de capital será necessário, sas instituições terão a oportunidade de se voltarem primeiro para fontes privadas de capital ou oferecer ao governo a opção de compra de ações conversíveis", diz o Tesouro.

Tais indefinições fizeram com que o índice S&P 500, que mede o desempenho de empresas ligadas ao setor financeiro na Bolsa de Nova Iorque, desabasse 3,47% e terminasse o dia registrando 743,33 pontos, o menor patamar desde 11 de abril de 1997. Já o Dow Jones, termômetro das 30 ações mais negociadas, teve queda de 3,41% e bateu em 7.114,78 pontos, menor nível desde 28 de outubro de 1997. Na bolsa Nasdaq, de papéis de tecnologia e comunicações, a baixa foi ainda maior, de 3,71%, que levou seu principal índice a 1.387 pontos, o menor em quatro anos.

As ações do setor financeiro receberam fôlego após o "Wall Street Journal’’ noticiar que o governo americano estuda elevar para até 40% sua participação no Citigroup. As ações do grupo chegaram a subir mais de 20%, mas encerraram o dia com alta de 9,74% com o ceticismo em relação à eficácia do possível novo aporte de capital. Já os papéis do Bank of America subiram 3,17%.

O mau humor foi acentuado após a rede de televisão CNBC informar que a seguradora AIG pode ter de pedir falência se o governo não oferecer mais recursos. Os papéis da seguradora, que foi socorrida duas vezes pelo governo, tiveram baixa de 1,85%.

O pessimismo atingiu também o setor de tecnologia após a informação de que o site de busca Yahoo planeja uma completa reorganização de suas áreas de negócio. As ações do site tiveram baixa de 1,4%, menor do que as da Intel (5,65%) e da HP (6,27%), ainda com a preocupação de queda nas vendas de computadores e periféricos. Os papéis da General Electric tiveram baixa de 5,7%.

Brasil

No Brasil, a Bovespa permanece fechada até amanhã devido ao feriado prolongado de Carnaval.