
Popularização
Adesão perdeu fôlego nos últimos dois anos
Quando o programa de popularização da bolsa foi lançado, em 2002, a expectativa da BM&FBovespa era conseguir 5 milhões de investidores até 2014. A dois anos a data, a meta parece quase inalcançável: pouco mais de 500 mil pessoas físicas investem em ações atualmente resultado de mudanças no mercado.
"Até 2008, todo mundo ganhava na bolsa. Foi um momento muito sedutor para todos os investidores e atraiu muitos interessados. Depois, gradualmente o ritmo de adesões foi desacelerando", explica Rogério Garrido, diretor da área de bolsa da Grow Investimentos.
De 2002 a 2010, o número de pessoas físicas que negociam ações saltou de 85 mil para 610 mil. Mas com a instabilidade dos papéis, a bolsa perdeu cerca de 40 mil investidores nos últimos dois anos.
A tendência, no entanto, é que a partir de agora o número de investidores volte a crescer. Com cenário de juros baixos, investimentos de renda variável voltam a ser uma alternativa mais atraente. "O investimento de maior risco passa a ter um diferencial frente à renda fixa, que não trará o mesmo retorno dos últimos anos", completa Garrido.
Os homens de cerca de 30 anos e R$ 116 mil investidos em ações ainda são a maioria dos investidores paranaenses na bolsa de valores, mas graças à adesão de mulheres e jovens o Paraná foi o quinto estado que mais ampliou sua base de investidores nos últimos dez anos. A pluralidade é resultado de medidas de popularização da bolsa de valores, que angariou mais de 500 mil pessoas físicas nos últimos dez anos 25 mil deles paranaenses .
INFOGRÁFICO: Veja qual o perfil dos investidores da bolsa
Em 2002, o Paraná tinha apenas 3,9 mil investidores na bolsa de valores. Hoje, são 31 mil, uma base quase oito vezes maior. "É o resultado da popularização e da acessibilidade ao investimento. Quanto mais próximo do público, mais plural será o perfil", explica o economista-chefe da corretora SGC, Caio Laporte.
Para o diretor da área de bolsa da Grow Investimentos, Rogério Garrido, os bons resultados das ações até 2008 despertaram o interesse geral pelos papéis. "Todo mundo entrava na bolsa. Meio milhão de pessoas passaram a operar de casa, sozinhas, pelos seus home broker. Era muito difícil perder dinheiro", afirma.
Retrato da pluralidade, a bolsa viu a participação feminina crescer quase dez vezes, enquanto o número de homens aumentou pouco mais de seis vezes no período. Há dez anos, as mulheres representavam 18% dos investidores e hoje elas já são mais de 25%.
A dona de casa Ana Celeste Montenegro é um exemplo disso. Ela passou a investir em ações em 2006 para diversificar seus investimentos. Há anos administrando imóveis da família, ela decidiu entrar na bolsa por influência do seu marido. "Ele convenceu meus filhos e eu de que deveríamos investir um pouco na bolsa para não depender somente de uma fonte", afirma.
O bom desempenho dos papéis fez com que Ana Celeste passasse a acompanhar cada vez mais de perto sua carteira. "Invisto a longo prazo, mas procuro ações de setores de infraestrutura e serviços, que me parecem ser os mais prósperos", completa.
Mesmo cada vez mais presentes, as mulheres ainda investem valores menores que os homens. Enquanto elas têm, em média, R$ 174 mil investidos nas suas contas em ações, eles têm R$ 204 mil aplicados na bolsa.
A idade também diz muito sobre o quanto o investidor tem aplicado nos papéis. Os investidores com mais de 66 anos só ganham em quantidade das faixas etárias de até 15 anos e de 16 a 25 anos, mas são os que concentram as contas mais recheadas: 39% do dinheiro investido em ações por pessoas físicas são de pessoas mais velhas. "É natural. São pessoas que acumularam mais dinheiro ao longo da vida e têm mais recursos para diversificar suas aplicações", afirma Caio Laporte.