Um relatório do Banco Central da Grécia alertando sobre a possibilidade de o país deixar a zona do euro piorou o já tenso clima nos mercados financeiros. Na Europa, as principais bolsas operam em baixa e no Brasil o dólar abriu os negócios com alta de 1,77%, cotado a R$ 1,838 nesta manhã. O Ibovespa, principal índice da Bolsa de Valores de São Paulo, acompanha o pessimismo e operava em queda de 1,12% aos 55.250 pontos, às 11h10m. O BC da Grécia diz claramente que se o novo governo de coalização não acelerar o ritmo das reformas econômicas, a nação fica em risco de deixar a zona do euro.
"O que está em jogo é se o país se manterá dentro da zona do euro", diz o texto.
O BC grego também fez a avaliação de que a dívida pública deixou de ser sustentável e prevê um cenário sombrio para a economia nos próximos anos. Segundo o BC, o Produto Interno Bruto (PIB) deve cair pelo menos 5,5% em 2011 e 2,8% em 2012. O crescimento só retornaria em 2013 e, mesmo assim, seria pífio: de 1%. O relatório, entretanto, diz que o risco de um recuo descontrolado na economia não está descartado.
Diz o documento: o fracasso nas reformas levará a "uma trajetória descontrolada de baixa que vai solapar muitas das realizações que têm sido alcançadas nas últimas décadas, vai tirar o país da zona do euro e vai empurrar para trás em muitas décadas a economia, o padrão de vida, a sociedade e a posição internacional grega", disse o banco.
Por isso, o BC grego alerta o novo premier, Lucas Papademos, a tomar medidas de recuperação da economia para recuperar a confiança dos investidores, melhorar as finanças do país.
"Há dois objetivos que deme ser perseguidos agora, a qualquer custo: o primeiro é gerar superávits primários e o segundo acelerar a recuperação", afirma o BC grego.
Na Alemanha, o Tesouro tentou rolar 6 bilhões de euros em títulos de 2 e 10 anos, mas não teve sucesso total. O Tesouro alemão só conseguiu vender 3,6 bilhões. O motivo é o juro baixo oferecido pelos papéis, de apenas 2%. Todos os títulos da dívida alemã estão pagando juro abaixo de 3%, que é o patamar de infalçaõ da zona do euro. Com isso, os investidores acabam tendo perdas. Nos últimos dias, o mercado tem pressionado países em dificuldades, como Espanha e Itália, a pagar juro mais alto - de até 7% - para rolar seus títulos.
Outra notícia ruim foi dada pela Eurostat, agência de estatísticas da União Europeia. As encomendas à indústria na zona do euro caíram em setembro, o que mostra que a atividade deve enfraquecer nos 17 países do bloco. O ritmo de queda foi o maior desde 2008. As encomendas recuaram 6,4%, enquanto o mercado esperava queda de 2,7% em relação a agosto.
"A crise da Europa ainda vai ditar o ritmo dos mercados globais no curto prazo", escreveu em relatório Pedro Galdi, da Corretora SLW.
Nos Estados Unidos, o presidente Barak Obama quer colocar em curso o plano de redução de custos da folha de pagamento. A intenção é facilitar e baratear o processo de contratação, além de dar incentivos para as pequenas e médias empresas, principalmente de serviços, que podem contratar mais mão-de-obra e reduzir o desemprego. Mas a aprovação dessas medidas também deve ser complicada. nesta terça, o PIB dos EUA do terceiro trimestre foi revisado de 2,5% para 2%, mostrando que a recuperação econômiva acontece em ritmo lento. O Dow Jones fechou em queda de 0,46%.