Depois de seis altas seguidas, o Ibovespa (principal índice da Bolsa brasileira) fechou hoje em queda de 1,10%, a 55.358 pontos, com a avaliação de que a lei sancionada nesta madrugada pelo presidente Barack Obama é apenas um adiamento do problema fiscal americano, e que a imagem do governo dos EUA ficou abalada por isso.

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"Os investidores também aproveitaram o dia para embolsar lucros", diz Elad Revi, analista-chefe da Spinelli Corretora. "É aquela velha história do "sobe no boato e cai no fato". As Bolsas globais subiram nos últimos dias, com os investidores apostando que os EUA não dariam calote e, agora que isso foi confirmado, há espaço para queda", acrescenta.

Nos EUA, os investidores receberam a solução temporária ao problema fiscal do governo com otimismo, e o índice Dow Jones fechou praticamente estável, com leve queda de 0,01%, enquanto os indicadores Nasdaq e S&P 500 mostraram avanços de 0,62% e 0,67%, respectivamente.

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Nesta madrugada, Obama assinou oficialmente a lei que permite a reabertura do governo e eleva o limite do endividamento dos EUA afastando o risco de calote. Embora o mercado já esperasse que o país não fosse deixar de honrar suas dívidas, o acordo provisório entre republicanos e democratas alimentou análises negativas.

No Brasil, o mercado também repercutiu a sinalização do Banco Central de que deve continuar com o ritmo de alta dos juros, ao afirmar, por meio da ata do Copom (Comitê de Política Monetária), que é "apropriada a continuidade do ritmo de ajuste das condições monetárias ora em curso".

Para Hamilton Alves, estrategista do BB Investimentos, a Bolsa brasileira passou hoje por um ajuste. "Ela subiu por seis dias seguidos, tinha que corrigir esse movimento. Além disso, alguns papéis que tinham forte ganho no mês acabaram perdendo mais hoje, como os dos setores de construção e siderurgia", afirma.

No setor de construção, os papéis que mais perderam foram os da Rossi (-5,00%) e os da MRV (-4,95%). Já no setor de siderurgia as ações preferenciais da Usiminas (mais negociadas e sem direito a voto) tiveram desvalorização de 6,12%, enquanto os papéis ordinários da empresa mineira cederam 5,93%.

A maior pressão negativa ao Ibovespa, porém, foi a ação da OGX, petroleira de Eike Batista, que teve desvalorização de 14,89% no dia, para R$ 0,40. Segundo a Folha apurou, o rombo da empresa chega a R$ 10,8 bilhões (equivalente a US$ 5 bilhões).

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Em sentido oposto, os papéis mais negociados da Vale, que têm o maior peso sobre o Ibovespa (mais de 8%), fecharam em alta de 1,49%, a R$ 32,79. "Amanhã serão divulgados importantes dados sobre o desempenho da economia chinesa, principal comprador internacional da Vale, o que pode mexer com as ações da mineradora", lembra Alves, do BB.

Câmbio

No câmbio, o dólar à vista, referência no mercado financeiro, encerrou o dia em leve alta de 0,16% em relação ao real, cotado em R$ 2,163 na venda. Já o dólar comercial, usado no comércio exterior, cedeu 0,73%, a R$ 2,159.

Segundo especialistas ouvidos, a perspectiva de que o juro básico nacional, a Selic, possa voltar a dois dígitos é o que guiou o desempenho do dólar hoje.Com os juros mais altos, cresce a atratividade do país aos investidores estrangeiros, que podem trazer mais dólares ao país em busca de aplicações com retornos maiores, reduzindo a pressão sobre a cotação da moeda americana.

Além disso, o Banco Central realizou pela manhã um leilão de swap cambial tradicional, que equivale à venda de dólares no mercado futuro. A autoridade vendeu, ao todo, 10 mil contratos com vencimento em 5 de março de 2014, por US$ 497,8 milhões. A operação estava prevista pelo plano da autoridade para conter a escalada do dólar.

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