Puxado pelo ganho de mais de 1% das ações da Vale, o principal índice de ações da Bolsa brasileira, o Ibovespa, fechou nesta segunda-feira (23) em alta de 0,91%, a 54.602 pontos. Com este desempenho, o índice interrompeu uma sequência de duas quedas. Os papéis mais negociados da mineradora Vale tiveram alta de 1,17%, para R$ 32,75, depois que o Índice de Gerentes de Compras (PMI) preliminar mostrou que o setor industrial da China cresceu no ritmo mais rápido em seis meses em setembro. A China é o principal cliente internacional da Vale.
"As ações da Vale estão diretamente ligadas ao crescimento chinês. Se há boa perspectiva para a China, a ação da mineradora brasileira sobe. E esse papel tem força para puxar o desempenho do Ibovespa, por isso nossa Bolsa fechou em alta, enquanto os mercados externos caíram", diz Elad Revi, analista-chefe da Spinelli Corretora.
Nos EUA, o crescimento da atividade industrial desacelerou em setembro à medida que a demanda por produtos caiu e as empresas contrataram menos funcionários, mostrou o PMI divulgado nesta segunda.
O mercado reagiu ainda às declarações de James Bullard, presidente do Fed (banco central americano) de St. Louis, de que se os indicadores econômicos apontarem para uma recuperação maior da economia dos EUA, a autoridade pode começar a cortar seus estímulos naquele país já em outubro.
A fala de Bullard teve o mesmo tom do presidente do Fed de Nova York, William Dudley, pela manhã. Ele disse ainda que o Fed mantém a expectativa de encerrar seu programa de recompra mensal de títulos -adotado para amenizar os efeitos da crise de 2008- até meados de 2014. "Os discursos [de representantes do Fed] não deixaram claro que a autoridade vai começar a cortar seu programa de estímulo monetário em outubro. Tudo vai depender da melhora nos indicadores. Um atraso no corte [do estímulo do Fed] seria bom para a Bolsa brasileira, pois manteria o fluxo de recursos externos no Brasil", diz Julio Hegedus, economista-chefe da Lopes Filho.
As ações da TIM fecharam entre as maiores altas do Ibovespa no dia, com ganho de 3,37%, a R$ 10,11. O movimento reflete notícias sobre negociações entre a espanhola Telefónica e acionistas da Telecom Itália, dona da operadora de telefonia brasileira.
Segundo a Reuters, as conversas entre a Telefónica e os acionistas italianos da Telecom Itália reunidos na Telco estão em fase final, e notícias sobre as negociações são esperadas para esta terça. Já as ações preferenciais (mais negociadas e sem direito a voto) da Oi caíram 0,61%, a R$ 4,90, após a maior acionista da empresa, a Portugal Telecom, ter descartado capitalizar a companhia. O mercado esperava um aporte como forma de reduzir o pesado endividamento da Oi.
Fora do Ibovespa, os papéis do BicBanco subiram 9,87%, a R$ 4,90, em meio a rumores de que há interesse de um banco chinês e instituições brasileiras na aquisição do BicBanco. As ações dos bancos também subiram hoje, depois que o Credit Suisse recomendou aumento da exposição a esses papéis, com expectativa de queinstituições financeiras do país estejam embarcando em um ciclo duradouro de crescimento em seus lucros.
Câmbio
No câmbio, o dólar à vista, referência no mercado financeiro, fechou o dia em leve queda de 0,16% em relação ao real, cotado em R$ 2,202 na venda. Já o dólar comercial, usado no comércio exterior, cedeu 0,81%, a R$ 2,201.
O Banco Central realizou mais cedo um leilão de swap cambial tradicional, que equivale à venda de dólares no mercado futuro. A autoridade vendeu, ao todo, 10 mil contratos com vencimento em 3 fevereiro de 2014, por US$ 497,4 milhões.
A operação estava prevista pelo plano da autoridade para conter a escalada do dólar. O programa do BC -que começou a valer em 23 de agosto- prevê a realização de leilões de swap cambial tradicionais de segunda a quinta, com oferta de US$ 500 milhões em contratos por dia, até dezembro.
Às sextas-feiras, o BC oferecerá US$ 1 bilhão por meio de linhas de crédito em dólar com compromisso de recompra -mecanismo que pode conter as cotações sem comprometer as reservas do país.