Os mercados financeiros no Brasil viveram um dia de trégua ontem. Em meio à expectativa pela decisão de política monetária nos Estados Unidos, que foi anunciada no fechamento do pregão, e a crise na Rússia, o dólar comercial fechou em queda, após cinco dias de alta. A moeda americana recuou 1,24%, a R$ 2,699 na compra e a R$ 2,701 na venda. Apesar da queda, a divisa se mantém no maior patamar em quase dez anos.
Já as declarações do ministro indicado para a Fazenda, Joaquim Levy, ajudaram o Ibovespa, principal índice do mercado acionário local, a subir 3,63%, aos 48.713 pontos, recuperando parte das perdas registradas nos três pregões anteriores. Em entrevista ontem de manhã à jornalista Miriam Leitão, na TV Globo, Levy sinalizou que os ajustes que serão feitos podem incluir alta de impostos. Ele acrescentou que, quando os ajustes são feitos de maneira firme e equilibrada, a reação da economia é muito forte.
Para Luis Gustavo Pereira, analista chefe da Guide Investimentos, a recuperação dos ativos brasileiros ontem está também atrelada ao entendimento de que a crise russa arrefeceu, embora seus efeitos ainda precisem ser monitorados. "Temos uma alta contundente em uma série de ativos. A alta do Ibovespa está sendo puxada pela Petrobras, bancos e siderúrgicas. Mas ainda é cedo para falar de rali de final de ano", disse.
Em alta
As ações da Petrobras operaram em alta durante todo o pregão, apesar da continuidade da queda do preço do petróleo no mercado internacional. Os papéís preferenciais (sem direito a voto) subiram 2,98%, cotados a R$ 9,66, e os ordinários (com direito a voto) registraram valorização de 3,90%, a R$ 9,04.
Valorização
Com intervenção do BC, moeda russa tem alta de 17%
Folhapress
Depois de dois dias de quedas profundas, o rublo, a moeda russa, teve ontem a maior alta em 16 anos, após medidas do governo e do banco central para aumentar a confiança no sistema financeiro do país.
O rublo se valorizou em 17%, alta que não era vista desde 1998 (ano da crise financeira russa). A moeda acumula queda de 3,2% nesta semana, a mais profunda entre as grandes economias emergentes, mas praticamente residual após as quedas de segunda e terça-feira : 9,6% e 8,6%, respectivamente.
Nos primeiros dois dias desta semana, o BC russo gastou US$ 4 bilhões das suas reservas (de mais de US$ 400 bilhões) para tentar conter o declínio do rublo, medida que foi insuficiente.
Pacote
Com filas se formando em agências de bancos em diversas partes do país para trocar rublos por dólar ou euro, o BC anunciou um pacote de medidas para ajudar o setor. Entre elas, estão injeção de liquidez, afrouxamento das exigências de capital pelos bancos e a possibilidade de recapitalizar instituições.
"O governo e o banco central começaram a trabalhar com seriedade para cessar essa bacanal no mercado de câmbio", disse Andrei Belousov, assessor do presidente Vladimir Putin.
A recuperação do rublo também se traduziu em ações de bancos como as do Sberbank, o maior do país em financiamento, que subiram 12% ontem.
No ano, o rublo ainda acumula desvalorização de 45%, mais que o dobro da sofrida pelo peso argentino, a segunda moeda emergente que mais perdeu neste ano o país vizinho vem sendo afetado pelos problemas econômicos internos e pela dificuldade das negociações com credores externos.