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Bolsa sobe 2,16% com PIB melhor que o esperado; dólar cai

A surpresa positiva do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro no último trimestre do ano passado animou os investidores hoje e levou o principal índice da Bolsa brasileira, o Ibovespa, a fechar em alta de 2,16%, aos 47.606 pontos. Com o desempenho, que representa a maior alta diária desde 6 de fevereiro deste ano, quando subiu 2,39%, o Ibovespa interrompeu uma sequência de duas quedas. As ações mais negociadas da Petrobras, que fecharam o dia com ganho de 2,63%, deram força a este movimento.

Os papéis da estatal, segundo analistas, se ajustaram às fortes perdas acumuladas nos últimos dois dias, de mais de 5%, reflexo do resultado pior que o esperado no último trimestre do ano passado.

Em sentido oposto, as ações mais negociadas da mineradora Vale subiram 1%, com o mercado avaliando positivamente o balanço da empresa entre outubro e dezembro do ano passado, apesar do prejuízo líquido de quase R$ 15 bilhões. "No geral, o resultado foi bom, respaldado pela melhora de margem Ebitda (relação percentual entre receita líquida e lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) e superação das expectativas do mercado. A última linha (lucro) intimida, mas não deve assustar, uma vez que excluídos os efeitos não recorrentes o seu lucro ficou praticamente em linha com o esperado", diz William Alves, da XP Investimentos, em relatório.

Entre os efeitos não recorrentes citados por Alves está a adesão da empresa ao Refis (programa de parcelamento de débitos das empresas com a União), com impacto de R$ 14,8 bilhões.

O analista Lenon Borges, da Ativa Corretora, também avalia o resultado da Vale como positivo. "O Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) mostrou resultados robustos, superando as estimativas do mercado e demonstrando fortes desempenhos operacionais", diz, destacando também a redução nas despesas da mineradora.

Os investidores se animaram hoje após a divulgação, pelo IBGE, de um crescimento melhor que o esperado da economia brasileira no quarto trimestre do ano passado. O avanço foi de 0,7%. Em 2013, o PIB subiu 2,3%, melhor que o desempenho de 1% visto em 2012. "O resultado do 4º trimestre [de 2013] irá forçar uma revisão para cima das nossas projeções de PIB para 2014, que hoje está em 2%", diz André Perfeito, economista-chefe da Gradual Investimentos, em relatório.

Para Perfeito, o que surpreendeu no PIB de 2013 foi que a demanda acelerada motivou a elevação das importações. "Este efeito tende a ser moderado pela recente depreciação do real", diz.

Além disso, o economista destaca o comportamento da FBKF (formação bruta de capital fixo -investimento em bens de capital), que avançou no ano passado 6,2%, resultado "muito superior" a 2012, quando o investimento caiu 4%. Segundo João Pedro Brügger, o bom desempenho da economia brasileira incentivou o avanço dos papéis dos setores de construção e consumo, que possuem peso relevante no PIB.

As ações da Rossi residencial fecharam em alta de 8,48%, liderando os ganhos entre as 72 ações que compõem o Ibovespa. Outras construtoras também subiram, como Gafisa (+6,07%) e PDG (+4,67%). Apenas seis ações do índice fecharam hoje no vermelho: Anhanguera Educacional (-1,72%), Fibria (-0,91%), Metalúrgica Gerdau (-0,54%), Cosan (-0,28%), Gerdau (-0,13%) e Dasa (estável).

Nos Estados Unidos, a principal referência do dia ficou por conta do discurso da presidente do Fed (banco central americano), Janet Yellen. "O discurso da Yellen foi positivo. O mercado entendeu que há a possibilidade de uma diminuição no ritmo de retirada do estímulo nos EUA caso a economia daquele país mostre sinais de piora. Isso é bom para os emergentes porque ameniza a saída de recursos desses países, que voltam para os EUA", avalia Brügger.

Segundo o analista, os indicadores americanos divulgados hoje, como número de pedidos de auxílio-desemprego na semana passada e o volume de encomendas de bens duráveis em janeiro, ficaram em segundo plano, "porque o inverno rigoroso americano está distorcendo esses dados".

Câmbio

No câmbio, o dólar à vista, referência no mercado financeiro, fechou o dia com desvalorização de 1,27% em relação ao real, cotado em R$ 2,323 na venda -menor cotação desde 17 de dezembro do ano passado, quando ficou em R$ 2,322. Também é a maior queda diária da moeda desde 6 de dezembro de 2013, quando cedeu 1,39%.

Já o dólar comercial, usado no comércio exterior, encerrou a quinta-feira com baixa de 1,19%, a R$ 2,324.

O Banco Central deu continuidade hoje ao seu programa de intervenções diárias no câmbio, através do leilão de 4.000 contratos de swaps cambiais (equivalente à venda futura de dólares), por um total de US$ 197,9 milhões.

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