Na véspera de decisão do Fed (Banco Central americano) sobre juros e sobre os próximos passos da redução dos estímulos financeiros nos EUA -analistas esperam mais um corte de US$ 10 bilhões no programa de incentivo-, os mercados de ações globais tiveram um dia de alta. No Brasil, o Ibovespa, principal índice da Bolsa, seguiu o mesmo caminho, fechando nesta terça-feira (18) com valorização de 2,29%, aos 46.150 pontos. No câmbio, o dólar à vista, referência no mercado financeiro, caiu 0,26%, para R$ 2,340. E o dólar comercial, usado no comércio exterior, teve baixa de 0,34%, para R$ 2,342.
Nos EUA, a autoridade monetária já cortou, nos últimos dois meses, de US$ 85 bilhões para US 65 bilhões por mês o volume de recursos que injeta na economia para aquecê-la, diante dos sinais de recuperação da atividade americana.
A diminuição desses recursos não é notícia positiva para países emergentes, como o Brasil, pois parte desses valores é destinada a investimentos nesses mercados -que tendem a diminuir. Como reflexo, moedas locais, como o real, tendem a cair em relação ao dólar -que entra em menor quantidade nesses mercados. Para analistas ouvidos pela reportagem, porém, o fato de que o ritmo de redução dos estímulos americanos tem sido constante e previsível proporciona mais tranquilidade aos investidores e menos oscilação nos mercados globais.
Ainda na avaliação de analistas, a alta da Bolsa brasileira hoje foi uma "correção técnica" após quedas recentes. Ainda assim, o Ibovespa cai 10,4% neste ano. Teve menor impacto, mas também foi avaliada no mercado, a fala do presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, de que o Brasil não está condenado a ter uma inflação ao consumidor acima do centro de meta do governo, de 4,5%. Tombini participou nesta terça de audiência pública no Senado.
Além das pressões recentes de alta nos alimentos, descritas pelo BC como um choque temporário, Tombini falou sobre questão estrutural da inflação de serviços, devido ao aumento da demanda que não foi acompanhado por ampliação da oferta e da produtividade do setor. "Vimos inflação de serviços subir bastante e a queda tem sido gradual."
O Banco Central brasileiro deu continuidade hoje ao seu programa de intervenções diárias no câmbio, com leilão de 4.000 contratos de swaps cambiais tradicionais (operação equivalentes a uma venda futura de dólares), por US$ 198 milhões.