A perspectiva de uma reforma da Previdência mais dura trouxe o viés positivo nesta segunda-feira (14) para a Bolsa brasileira, que fechou em novo recorde, acima de 94 mil pontos. O dólar recuou e voltou aos R$ 3,70.
Investidores ficaram animados com a notícia publicada pelo jornal Valor Econômico de que as novas regras para aposentadoria poderiam levar o governo a economizar R$ 1 trilhão. O texto que será proposto pelo governo de Jair Bolsonaro (PSL) ainda não é conhecido, mas o montante estimado seria superior ao previsto caso o projeto apresentado pela gestão de Michel Temer (MDB) tivesse saído do papel.
O Ibovespa, principal índice acionário do país, subiu 0,87%, a 94.474 pontos. O volume financeiro ficou ao redor dos R$ 13 bilhões. "Olhando também para outras variáveis, como juros e dólar, que caíram bastante, isso corrobora o otimismo de quem acha que a Bolsa não esteja tão cara", diz Ricardo Peretti, do Santander.
Apenas nesses primeiros dias do ano, o Ibovespa saltou mais de 7%. "A tendência é que eles [membros do governo Bolsonaro] sigam na linha de reforma mais dura e com capitalização", diz Lucas Lima, analista de investimento da Toro.
Vista como fundamental para o reequilíbrio das contas públicas, a reforma da Previdência é o grande foco de atenção de investidores locais, que levam às altas da Bolsa. "Quem quer enxergar a tese mais positiva ainda encontra notícias", acrescenta Peretti.
Para ele, a tendência otimista pode ser renovada ou se inverter a partir de fevereiro, quando os termos da reforma forem conhecidos, assim como a disposição do novo Congresso, que toma posse em 1º de fevereiro, aprová-la.
"Da última vez que o mercado comprou antecipadamente [a reforma da Previdência] aconteceu o Joesley Day. Talvez seja esse um dos fatos que esteja deixando o investidor estrangeiro de fora do mercado", afirma Peretti. Ele faz referência ao escândalo que envolveu o ex-presidente Temer e travou a agenda de reformas que era debatida no Congresso.
Investidores estrangeiros seguem retirando recursos da Bolsa brasileira, na esteira de um mercado externo mais avesso ao risco. Analistas ressaltam que persiste a preocupação com a desaceleração da economia global. Nesta segunda, a China divulgou dados piores que o esperado de balança comercial, o que azedou as Bolsas ao redor do mundo.
Os principais índices asiáticos e europeus recuaram nesta segunda. As Bolsas americanas terminavam o dia ainda em baixa.
O dólar recuou 0,35%, a R$ 3,7010 nesta segunda, após ter passado boa parte do pregão em alta. A tendência era de valorização da moeda americana: de uma cesta de 24 divisas emergentes, o dólar subiu ante 16 delas.
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