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Bolsa tem quarto tombo histórico

Operador na Bovespa: aos poucos a vida volta ao normal, mas as altas recordes vão demorar um pouco. | Paulo Withaker/Reuters
Operador na Bovespa: aos poucos a vida volta ao normal, mas as altas recordes vão demorar um pouco. (Foto: Paulo Withaker/Reuters)

O tombo da Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) vai entrar para os livros como o quarto maior da história. O Ibovespa, principal índice da bolsa criado em 1968, despencou 49,3% desde que atingiu o pico de 73.516 pontos, no dia 20 de maio. A queda veio durante um período em que o mercado de capitais se popularizou no país, com a entrada de milhares de pessoas físicas. Agora, essa tendência pode ser revertida.

Há especialistas que temem uma freada na migração de pequenos investidores para a bolsa. O crescimento no número de pessoas físicas comprando e vendendo ações foi exponencial: de 94 mil, em dezembro de 2003, para 550 mil, em setembro deste ano. Ou seja, um avanço de 484%.

Caso a tendência de fuga se confirme, ela irá contra uma regra básica do mercado: a de que se deve comprar na baixa e vender na alta. "Infelizmente, a maioria das pessoas, não só no Brasil, mas no mundo todo, compra na alta e vende na baixa", afirma o administrador de investimentos Fabio Colombo. "Tem muita gente machucada que não quer mais entrar na bolsa."

O histórico dos tombos anteriores serve como um guia para quem se assustou com os efeitos da crise. O professor da Faculdade de Economia e Administração da Universidade de São Paulo (FEA/USP) Simão Silber lembra que, nesses 40 anos de existência, o Ibovespa teve quatro grandes ondas de alta, que foram sucedidas por quatro grandes quedas, sendo a última a dos dias de hoje.

Olhando com atenção o gráfico histórico do Ibovespa, observa-se que foram necessários, no mínimo, quatro anos para que o indicador se recuperasse de uma retração dessa magnitude. O período mais longo, de quase 15 anos, foi entre 1971 (logo depois que o brasileiro "descobriu" a bolsa) e 1986, na época do Plano Cruzado.

Em 1971, havia uma bolha provocada pelos investidores locais. O mergulho entre 1986 e 1998 também foi provocado por questões nacionais, como o fracasso do Plano Cruzado. A desvalorização do real, em 1999, derrubou o Ibovespa novamente, que só se recuperou plenamente em 2003. Ali se iniciou o mais longo período de alta da bolsa brasileira, encerrado em maio deste ano.

O professor Alcides Leite, da Trevisan Escola de Negócios, observa que, desde a estabilização monetária, em 1994, com o Plano Real, a bolsa ganhou mais do que outras aplicações. Em média, rendeu 17,49% ao ano, ante 14,95% dos CDBs pós-fixados e 12,54% da caderneta de poupança. "A bolsa tem mesmo um risco muito alto, é instável no curto prazo, mas, em períodos mais longos, rende mais."

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