O dinamismo do mercado acionário tem atraído cada vez mais jovens para a bolsa de valores, que pode ser usada como uma poupança para seus investimentos. De acordo com a BM&F Bovespa, 27 mil jovens de 16 a 25 anos investem na bolsa. Outros 2,1 mil acionistas têm menos de 16 anos. Os números correspondem a menos de 5% do total dos investidores no país, mas, segundo especialistas, há um enorme potencial para crescimento desse público nos próximos anos.
O estudante de Administração Juliano Hauer, 21 anos, aplica na bolsa há quase um ano. Ele começou com um aporte de R$ 3,5 mil em um clube de investimento. Para complementar a aplicação, Hauer deposita mensalmente R$ 500. "Eu sempre gostei de bolsa de valores, mas era muito leigo e não sabia como funcionava. Comecei a me informar sobre o assunto para ver como era e entrei porque busco independência financeira", explica o estudante.
A maneira como Hauer começou na bolsa é o caminho correto para os jovens investidores, de acordo com o professor de educação financeira da BM&F Bovespa José Alberto Netto Filho. "Um clube de investimentos permite o acesso com uma quantia menor e com a divisão de taxas. É uma forma adequada, porque o jovem pode aprender mais sobre a bolsa para depois seguir individualmente", ressalta.
Comparado aos Estados Unidos e à Europa, o mercado acionário no Brasil ainda é muito incipiente na participação dos jovens. "Ainda há muito espaço para esse público, que começa a se interessar cada vez mais pelo investimento na bolsa como uma forma de poupança. Ele pode complementar a aposentadoria em um investimento de longo prazo", analisa o diretor-executivo da Omar Camargo Corretora de Valores, Omar Camargo Neto.
A maior participação pode ser explicada por motivos históricos, segundo o professor da BM&F Bovespa. Para ele, o acesso às tecnologias permite que os jovens possam ter mais informações sobre a bolsa. A estabilização da economia, que possibilitou a popularização dos investimentos, é outra mudança em relação a gerações anteriores. "A geração dos pais dos jovens vivia com alta inflação e era traumatizada com a bolsa. Os jovens de hoje podem usar o mercado acionário para poupar em vez de recorrer à poupança, que é tradicional entre os brasileiros", avalia Netto Filho.
De acordo com Camargo Neto, os pais vêm incentivando a entrada dos filhos na bolsa."Muitos pais patrocinam os primeiros investimentos, para criar uma formação financeira mais forte em seus filhos. Mesmo que o jovem não tenha uma renda alta, não tem problema. Melhor do que um alto valor inicial é a periodicidade do investimento, que pode ser de R$ 50 mensais", salienta o executivo.
Apesar de pouco tempo na bolsa, o jovem Juliano Hauer dá dicas que confrontam a ideia de que os jovens são inconsequentes na bolsa. "Não existe passe de mágica, porque você não vai ficar rico da noite para o dia. A idade não faz diferença. O que importa é buscar informações para ter uma estratégia que permita, no longo prazo, ter um bom retorno", afirma. A BM&F Bovespa dispõe de um simulador para os interessados em conhecer o funcionamento da bolsa de valores. O simulador pode ser acessado pelo site www.simulacaobmfbovespa.com.br.