A desvalorização dos preços de matérias-primas e a crise que atingiu as economias de países latino-americanos em 2015 repercutiram nos mercados acionários locais, que amargaram perdas de 31,5% no valor de mercado no ano passado em relação a 2014.
O levantamento é da consultoria Economática. O valor de mercado de uma empresa é o preço das ações dessa companhias multiplicado por todos os papéis emitidos por ela.
Segundo o levantamento, em 2014 o valor de mercado das 756 empresas de capital aberto da América Latina (Brasil, México, Peru, Colômbia, Chile e Argentina) somava US$ 1,869 trilhão. Em 2015, o montante caiu para US$ 1,280 trilhão, enquanto o número de companhias recuou para 710.
A Bolsa brasileira ocupou a vice-lanterna entre as maiores quedas sofridas pelos mercados acionários latino-americanos, após ver seu valor em dólar despencar 41,9%. A desvalorização só foi menor que a da Bolsa colombiana, que caiu 42,5%.
O Brasil também perdeu participação no valor de mercado latino-americano: de 42,66% em 2014 para 36,22% no ano passado.
O valor de mercado das empresas brasileiras caiu de US$ 797,5 bilhões em 2014 para US$ 463,7 bilhões no ano passado. Isso significa que a Bolsa brasileira terminou 2015 valendo menos que a Apple, que encerrou o ano valendo US$ 528,4 bilhões, de acordo com a Economática.
Preços em baixa
Para André Perfeito, economista-chefe da Gradual Investimentos, a atividade econômica mais fraca da maioria dos países latino-americanos comprometeu o resultado das empresas listadas em Bolsa, afetando o valor de mercado.
Soma-se a esse fator a queda dos preços de commodities como petróleo e minério de ferro. Muitos países latino-americanos são exportadores de matérias-primas, então a desvalorização desses artigos afeta as economias locais.
Os preços do petróleo caíram cerca de 35% em 2015. Já o minério de ferro despencou 39% no ano passado.