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As bolsas europeias mudaram o rumo da véspera e operam em alta nesta quarta-feira (5), apesar do rebaixamento da nota de risco (rating) do crédito soberano da Itália em três níveis pela agência de classificação de risco Moody's para "A2" divulgado na noite de terça-feira. Para analistas, o otimismo era explicado pela notícia de que a União Europeia preparava um plano coordenado para recapitalizar bancos. O alerta feito nesta quarta-feira por um diretor do Fundo Monetário Internacional (FMI) de que essa recapitalização era necessária, e urgente, para restaurar a confiança, também animava os mercados.Por volta de 9h10, o índice FTSE 100, principal da Bolsa de Londres, subia 2,36%. Em Paris, o CAC 40 ganhava 2,80%. Em Frankfurt, o DAX avançava 3,59%. Em Madri, o IBEX 35 valorizava 1,69%. Em Milão, o FTSE MIB tinha alta de 2,19%. O Euro Stoxx 50, barômetro que reúne as 50 ações mais negociadas da zona do euro, tinha alta de 2,73%.

"A melhora na disposição (dos investidores) para o risco foi motivada por notícias de que autoridades da União Europeia examinam formas de uma ação coordenada para a recapitalização de bancos europeis", disse Adam Cole, analista da RBC Capital Markets, à agência Reuters.

Apesar de o plano conjunto de recapitalização não ter sido ainda confirmado por um porta-voz da União Europeia nesta quarta-feira, a guinada positiva nas bolsas de Nova York, no final do pregão de terça-feira, foi o suficiente para repercutir positivamente nos mercados europeus.

O rebaixamento do rating da Itália pela Moody's seguiu a piora da nota feita pela Standard and Poor's (S&P) no dia 19 de setembro. Mas, mesmo com a decisão das agências, que vislumbraram um risco maior para aplicar em títulos soberanos italianos, os seguros contra calote da dívida italiana, vendidos nos derivativos conhecidos como Credit Default Swaps (CDS), não encareceram. Pelo contrário.

Segundo a Bloomberg, o CDS da Itália para títulos soberanos com vencimento em 5 anos era negociado em queda frente o valor de véspera, a 480 pontos-base, o que significa que custava, em média, 480 mil euros para assegurar 10 milhões de euros em dívida italiana. Cada ponto-base de um CDS representa um custo de mil euros para proteger 10 milhões de euros em dívida. Assim, um aumento sugere que uma empresa ou governo oferece risco maior de quebrar.

A espiral de alta dos custos dos CDS virou um problema na Europa, uma vez que muitas instituições estão achando muito caro comprar os instrumentos de proteção (hedge). Esse resfriamento no mercado de CDS provoca uma reação em cadeia também no mercado de títulos soberanos, que, por consequência, passam a perder preço, e ter de pagar juros maiores, com a aversão dos investidores. Só o CDS cobrado para títulos de 5 anos da Itália subiram 242 pontos-base no acumulado deste ano até quarta-feira, um custo adicional de 242 mil euros para esses contratos.

A melhora nos negócios nas bolsas europeias foi motivada pela declaração do comissário europeu para assuntos econômicos, Olli Rehn, ao jornal britânico "Financial Times", de que estava em estudo um plano de ação conjunto para recapitalizar bancos.

"Há uma visão cada vez mais compartilhada de que precisamos de um enfoque pactuado, coordenado na Europa enquanto muitos de seus elementos são realizados nos países-membros", disse Olli Rehn, membro da Comissão Europeia para assuntos econômicos, ao "Financial Times" na terça-feira, após o fechamento das bolsas europeias. "Há um senso de urgência entre os ministros, e precisamos avançar."Ele foi enfático na defesa da recapitalização dos bancos europeus.

"As posições de capitalização dos bancos europeus precisam ser reforçadas de modo a oferecer margens de segurança adicionais e, assim, reduzir a incerteza", disse Rehn. "Isso deve ser encarado como parte integrante da estratégia abrangente da União Europeia de restabelecimento da confiança e superação da crise."

Outro sinal de que os governos dos países da UE estão prestes a agir foi dado pelo ministro das Finanças da Alemanha, Wolfgang Schäuble. Em entrevista coletiva, ele disse que o governo alemão poderia, se necessário, reativar os mecanismos de apoio utilizados em 2008 para recapitalizar os bancos. Os mecanismos expiraram e o governo alemão insistia até agora que eles não seriam necessários.

"Todos disseram que a grande preocupação é a de que os fatos novos alarmantes dos mercados financeiros possam entrar em escalada, culminando numa crise bancária", disse Schäuble em entrevista coletiva à imprensa.

Ele disse que todos os 17 países da zona do euro apresentarão planos de proteção a seus bancos na próxima reunião dos ministros da Fazenda, marcada para o fim do mês.

Parte dos maiores bancos de França, Alemanha e Bélgica detêm dezenas de bilhões de euros em títulos soberanos de países da periferia da zona do euro como Grécia e Portugal, que tiveram uma queda significativa de valor em meio aos temores de que a Grécia estaria prestes a deixar de honrar suas dívidas.

Os mercados foram fortemente abalados nesta semana pelos problemas do banco franco-belga Dexia, que detém 4,8 bilhões em títulos soberanos da Grécia e 15 bilhões em bônus italianos e tem enfrentado dificuldades para captar um volume suficiente de recursos de curto prazo. Os governos da França e da Bélgica disseram que tomarão "todas as medidas necessárias" para socorrer o Dexia, para tranquilizar correntistas de que seus depósitos não estavam em risco.

A retração nos empréstimos fornecidos por bancos europeus em dificuldades têm contribuído para a desaceleração econômica na Europa, segundo alerta do Fundo Monetário Internacional (FMI) feito nesta quarta-feira. O FMI alertou governantes para a necessidade urgente de recapitalizar o setor financeiro.

Antonio Borges, diretor do FMI para a Europa, avisou que uma falha para restaurar a confiança no continente europeu poderia levar a uma paralisia nos empréstimos em um momento no qual a economia já está desacelerando. "Temos que restaurar a confiança rapidamente. A melhor maneira para fazer isso é capitalizar os bancos urgentemente", declarou.

O FMI disse também que está pronto para auxiliar a zona do euro com a compra de títulos soberanos de países em dificuldades.

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