As ações europeias fecharam em queda nesta segunda-feira (18), depois que o plano de resgate para o Chipre envolvendo imposto nos depósitos bancários reanimou temores de uma corrida bancária nos países mais endividados da zona do euro. As ações de bancos do sul da Europa estiveram entre as mais pressionadas pela notícia. O papel do português Banco Espírito Santo perdeu 5% e a ação do espanhol Banco de Sabadell teve oscilação negativa de 4,2%.
O índice das 300 principais ações europeias, o FTSEurofirst 300, encerrou o dia em queda de 0,27%, a 1.199 pontos, enquanto o índice de blue chips (empresas mais valiosas e com as ações mais negociadas) da zona do euro, o Euro STOXX 50, recuou 0,74%, para 2.705 pontos.O FTSEurofirst 300 chegou a cair 1,2% perto da abertura dos negócios, mas reduziu perdas com o movimento de investidores aproveitando a oportunidade para comprar papéis do centro da Europa. Ações de grandes multinacionais europeias estiveram entre as mais procuradas.O papel da AB Inbev, maior cervejaria do mundo, avançou 1,7% hoje, enquanto a ação da L'Oreal, maior produtora de cosméticos do mundo, ganhou 1,2%.
Chipre
Os investidores permanecem cautelosos diante da notícia de que o Parlamento do Chipre adiou para amanhã a votação de um plano para impor uma taxa sobre os depósitos bancários no país do mar Mediterrâneo, o quinto a receber um resgate do Banco Central Europeu (BCE) e do FMI (Fundo Monetário Internacional) desde o início da crise.
Os credores internacionais exigiram a aplicação da taxa para conceder o empréstimo de 10 bilhões de euros (R$ 26 bilhões) aprovado no sábado. O anúncio, que foi inédito entre os países que pediram ajuda a União Europeia, preocupou os mercados e empurrou para baixo as Bolsas globais.
De acordo com agências internacionais, os bancos do Chipre vão ficar fechados até quinta-feira enquanto os parlamentares discutem uma medida para as contas bancárias no país. A notícia foi dada pela porta-voz do banco central cipriota, Aliki Stylianou. "A baixa das Bolsas mundiais reflete apenas um susto dos investidores ao pacote de ajuda ao Chipre, mas esse clima não deve se alongar", avaliou o estrategista Hamilton Alves, do BB Investimentos.
"O Chipre é um país pequeno e sobrevive do turismo e do dinheiro externo que entra pelo fato de ser um paraíso fiscal. Imagino que esse aporte ao país foi decidido tão repentinamente porque 10 bilhões de euros para o BCE e o FMI não são nada, perto do que necessitam países de relevância maior, como Portugal, Espanha e Itália", completou.
Para Alves, as autoridades cipriotas devem tomar uma decisão rapidamente sobre a adoção de um imposto em depósitos bancários a fim de receber logo a ajuda financeira do BCE e do FMI.
"Se aprovarem essa medida, vão receber a ajuda, amenizar a situação negativa de suas contas e vão sumir do mapa, pois os investidores externos só investiam no Chipre porque não havia tributo sobre as contas. Caso uma taxa seja adotada, eles irão fugir", disse. O estrategista avalia que a situação do Chipre não deve ser interpretada como motivo de pânico.
"Se tivesse sido uma economia maior que precisasse de nova ajuda, como Irlanda ou Espanha, haveria motivo para cautela, mas o Chipre, não. É um problema que pode ser facilmente resolvido, ao contrário dos demais países do bloco que também estão em crise."