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Mercado financeiro

Bolsas têm dia de euforia à espera do pacote dos EUA

Sobe e desce do mercado e do câmbio |
Sobe e desce do mercado e do câmbio (Foto: )
Principal índice da Bolsa de Nova Iorque, o Dow Jones, subiu 3,35%. A bolsa eletrônica Nasdaq se valorizou 3,4%. |

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Principal índice da Bolsa de Nova Iorque, o Dow Jones, subiu 3,35%. A bolsa eletrônica Nasdaq se valorizou 3,4%.

O pacote do governo americano para enfrentar o que parece ser a pior crise financeira dos últimos 79 anos acabou salvando a semana. Acompanhando o entusiasmo nas bolsas internacionais, a Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) teve sua maior valorização num só dia desde janeiro de 1999 e quase anulou as perdas do mês. O câmbio despencou mais de 5%.

A alta de 9,57% no dia ajudou a Bovespa a encerrar a semana no azul. Mas os ganhos acumulados no período foram relativamente tímidos: 1,27%. No entanto, mesmo com ganhos de ontem, a bolsa ainda amarga perdas de 4,7% no mês. No ano, a baixa é de 16,95%.

"Não acredito que foi uma reação exacerbada do mercado. Quando os grandes players internacionais saíram da bolsa, algumas ações líderes ficaram muito baratas. E quando a Bolsa de Londres sobe 8,8%, a de Paris, 9,3%, é até natural a gente subir quase 10%", avalia o gerente de renda variável da corretora Concórdia, Romeu Vidali. "E hoje [ontem], os Estados Unidos mostraram uma atitude concreta para resolver uma crise que estava travando o mercado no mundo todo."

Os investidores voltaram às compras focando principalmente nas chamadas "blue chips", as ações de maior liquidez do mercado acionário: a ação preferencial da Petrobras disparou 8,63%, girando sozinha R$ 1,2 bilhão. A ordinária valorizou 9,10%. A ação preferencial da Vale teve alta de 6,47%. No pregão de ontem, os papéis que mais subiram superaram os 15% de alta. Entre os ganhos mais fortes, ficaram Cesp PNB (21,75%), Usiminas PNA (18%), Rossi Residencial (17,24%) e Telemar PN (17,23%). "Nesses momentos de euforia, aparece comprador para tudo quanto é ação, na tentativa de não perder oportunidades. É importante que o investidor entenda que a crise não foi resolvida e que a bolsa não vai agora começar a subir indefinidamente’’, afirma o analista da KNA Consultores, Luiz Antonio Vaz das Neves.

Câmbio

O dólar comercial foi cotado a R$ 1,831 na venda, em declínio de 5,12%. A taxa de risco-país recuou quase 15%, para os 278 pontos. "Foi uma somatória de boas notícias. Ontem [quinta-feira], aquela iniciativa dos seis bancos centrais trouxe bastante otimismo para o mercado. Hoje [ontem], teve o leilão do Banco Central", comenta o diretor de câmbio da corretora Renova Cristiano Zanuzo.

Em Wall Street, o índice Dow Jones subiu 3,35%, enquanto a Bolsa eletrônica Nasdaq ascendeu 3,40%. Na Europa, em Londres, o índice de referência FTSE encerrou o pregão 9,32% mais alto; em Paris, o Cac subiu 9,27%, enquanto o índice do mercado alemão Dax teve acréscimo de 5,56%.

Ânimo extra

O mercado recebeu com euforia a confirmação do Tesouro dos EUA de que vai usar, se necessário, "centenas de bilhões de dólares" para deter desdobramentos ainda piores da crise dos créditos "subprime". Uma das medidas mais prováveis é a criação de um fundo internacional para absorver os créditos mais problemáticos gerados ao longo da crise. Mesmo sem maiores detalhes, analistas aprovaram a intenção do governo americano, qualificada de "atitude prática" para enfrentar a crise que ameaçava os sistemas financeiros das economias centrais, com repercussões sobre as economias emergentes. "É difícil saber como o mercado vai abrir na segunda-feira. Vai depender do que for divulgado neste fim de semana sobre o pacote", avalia Vidali, da Concórdia.

Dia histórico

Com a euforia, o giro financeiro da Bovespa somou R$ 7,67 bilhões ontem, volume 30% superior à média diária registrada no ano. Antes do último pregão, a maior alta verificada pela bolsa paulista havia sido no dia 15 de janeiro de 1999, quando o Ibovespa havia avançado 33,4% em reação à liberação do câmbio feita pelo governo.

Risco menor

A escalada das ações brasileiras refletiu compras expressivas feitas tanto por investidores locais como por estrangeiros, segundo operadores do mercado. Investidores de fora voltaram a comprar títulos da dívida brasileira no exterior, o que fez com que o risco-país tivesse expressivo recuo de 16% hoje, para os 285 pontos. Durante a semana, o indicador de risco chegou a superar os 370 pontos.

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