As ações da Taurus, uma das principais fabricantes brasileiras de armas, tiveram uma forte desvalorização após o presidente Jair Bolsonaro assinar o decreto que flexibiliza a posse de armas. Os papéis, entre as 12h50 e as 13h41 tiveram uma queda de 25,8%, chegando ao mínimo de R$ 6,80. Nesta terça, os papéis fecharam o pregão a R$ 7,40, uma retração de 16,85% em relação ao pregão anterior.
Apesar da queda abrupta, Rafael Panonko, chefe de análise da Toro Investimentos, aponta que o movimento é normal:
O fato já estava precificado e os investidores realizaram seus lucros.
Segundo ele, as ações da empresa passam por um movimento especulativo no curto prazo. Não é a primeira vez que isto acontece. À medida que Bolsonaro crescia nas pesquisas de intenção de voto, as ações se valorizavam.
O primeiro pico foi registrado em 20 de setembro, quando chegou a R$ 5,11. Em 18 de outubro, as ações fecharam a R$ 15,30. E em 3 de janeiro, chegaram a valer R$ 9,00. Nos últimos 12 meses, os papéis aumentaram 3,77 vezes
“A empresa não tem bons fundamentos e não acredito que, com essa flexibilização, as pessoas comprem mais armas”, diz Panonko. Segundo ele, o processo para ter acesso a uma arma é muito caro e burocrático, chegando a custar cerca de R$ 4 mil.
Outro fato que contribuiu para essa pesada queda em tão pouco tempo, de acordo com Felipe Tadewald, especialista em investimentos da Suno Research, é que o decreto pode ter vindo bem aquém do que se esperava: “a expectativa era de uma liberação mais agressiva. O processo permanece restritivo.”
Contra a Taurus, também pesa o fato de que o governo Bolsonaro analisa a possibilidade de facilitar o acesso de outras fabricantes de armas ao mercado brasileiro. “Isto acabaria rompendo o monopólio da empresa: geraria aumento na concorrência e queda nos preços.”
É um cenário que fragilizaria ainda mais a situação da empresa. Nos nove primeiros meses de 2018 ter conseguido um faturamento de R$ 623,5 milhões, 16% a mais do que em igual período do ano anterior, a empresa teve um prejuízo de R$ 44,6 milhões.
A empresa também tem um pesado endividamento, que era de R$ 1,44 bilhão no final de setembro, e patrimônio líquido negativo (quando o que a empresa deve supera o que ela têm) de R$ 456,1 milhões. “É uma situação muito delicada”, diz Tadewald.
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