O presidente da República, Jair Bolsonaro| Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil
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Após indicar um novo presidente para a Petrobras, o presidente da República, Jair Bolsonaro, negou neste sábado (20) interferência na estatal. Na sexta-feira à noite, o chefe do Executivo anunciou a indicação do general Joaquim Silva e Luna para o comando da empresa no lugar de Roberto Castello Branco, a quem criticou. A mudança depende do aval do Conselho de Administração, que deve se reunir na próxima semana.

Ao comentar sobre a estatal, Bolsonaro comparou o atual momento à investigação sobre interferência ou não na Polícia Federal. "Vou continuar sem interferir, interferência zero, zero. Contudo vai ter transparência e previsibilidade. Não adianta a imprensa falar que eu intervi. Estou na mesma linha que na questão da Polícia Federal, e não acharam nada de interferência minha no tocante à PF", afirmou.

A troca acontece após Bolsonaro fazer críticas às sucessivas altas nos preços dos combustíveis, especialmente do diesel. Além de demonstrar descontentamento com a política de preços da empresa, Bolsonaro criticou Castello Branco por trabalhar em home office durante a pandemia da covid-19. Segundo ele, a diretoria da empresa trabalha remotamente desde março de 2020. "Não dá para governar, estar à frente de uma estatal dessa forma. Coisas erradas acontecem. Um novo presidente, caso aprovado pelo Conselho, espero que seja aprovado, vai dar uma nova dinâmica para a Petrobras", disse.

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O chefe do Executivo também se irritou com a declaração de Castello Branco, que afirmou que a insatisfação da categoria dos caminhoneiros não era um problema da Petrobras. Para o comando da estatal, Bolsonaro indicou Luna e Silva, atual diretor-geral brasileiro da Itaipu Binacional e ex-ministro da Defesa do governo Michel Temer. O presidente da República também afirmou que espera que até 20 de março, quando acaba oficialmente o mandato de Castello Branco à frente da estatal, não haja nenhum reajuste.

"Não houve qualquer interferência na Petrobras, tanto é que continua esse reajuste de 15%. Você que diga se é abusivo ou não. Espero que até o dia 20, quando vai de vez sair esse atual presidente, ele não vai querer dar mais um percentual de reajuste no diesel e da gasolina. Então, o que aconteceu até agora para mim faz parte do passado", disse Bolsonaro após participar de evento em Campinas, em transmissão ao vivo nas redes sociais.

Impostos sobre combustíveis são “caixa preta”, diz Bolsonaro

Jair Bolsonaro também afirmou, neste sábado (20), que a formação de preço dos combustíveis no país é uma "caixa preta". O presidente criticou, ainda, a qualidade dos combustíveis vendidos e indicou que a gasolina e o óleo diesel poderiam ser 15% mais baratos se os órgãos de fiscalização "estivessem funcionando".

O chefe do Executivo citou como exemplo de órgão de fiscalização a própria Petrobras, o Ministério de Minas e Energia, a Receita Federal e o Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro). Bolsonaro cobrou maior fiscalização por parte da Receita e disse que está "ultimando" ao Inmetro uma forma de aferir à distância se postos de gasolina estão vendendo as quantidades certas de combustível.

Bolsonaro acrescentou que há "outros órgãos" responsáveis pela qualidade do combustível no país, mas que "ninguém nunca se preocupou em fazer absolutamente nada" para a fiscalização. "Agora uma pergunta a vocês: você sabe que quando você coloca seu combustível no carro você não tem certeza se tá marcando 30 litros lá no visor da bomba, se entraram 30 litros, você não sabe a qualidade desse combustível", citou.

"Quando você vê a nota fiscal você também não sabe quanto de imposto é federal, quanto é estadual, quanto é a margem de lucro dos postos e quanto se paga também na questão da distribuição. Você não sabe de nada, é uma caixa preta", declarou ele. "Tem locais no Brasil que postos de gasolina estão na mão de gente que realmente faz parte de organização criminosa. Temos que buscar solução para isso. Não vai faltar para nós, se Deus quiser, coragem de decidir, buscar o que é certo", disse.

Mais cedo, em evento militar, o presidente da República sugeriu novas mudanças na Petrobras na semana que vem.

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