A Bolsa brasileira subiu com muita força nesta quarta-feira (2), dia em que Jair Bolsonaro empossou novos ministros e o PSL, partido do presidente, anunciou que apoiará a reeleição de Rodrigo Maia à Câmara dos Deputados. O dólar caiu quase 1,68% e voltou a se aproximar dos R$ 3,80.
O Ibovespa, que reúne as ações mais negociadas, fechou em 3,56%, a 91.012 pontos, recorde para o fechamento. A máxima anterior fora registrada em 3 de dezembro.
O índice chegou a avançar mais de 4% e bater os 91.478 pontos. "É reflexo de várias notícias positivas do dia", diz Victor Candido, da Guide Corretora.
A alta é puxada pela valorização da Eletrobras, que subiu mais de 20% impulsionada pela posse do ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque. Ele afirmou que manterá o programa de capitalização, iniciado no governo Temer. Além disso, foi confirmada a permanência do presidente da companhia no posto.
A Petrobras pegou carona na valorização da Eletrobras e sobe quase 5%. No começo do pregão, ela chegou a operar em queda, reflexo dos preços do petróleo, que também inverteram o sinal ao longo do dia.
Segundo Álvaro Bandeira, economista-chefe da Modalmais, a mira dos investidores esteve centrada nas reformas da Previdência e tributária e na independência do Banco Central. “Nisso o governo deu boas indicações. Também boas indicações para a sucessão na Câmara apoiando candidatura de Rodrigo Maia e no Senado Major Olímpio sendo instalado a concorrer, instigado por Luciano Bivar, presidente do PSL. Com Rodrigo Maia na Câmara, o processo da Previdência fica mais facilitado”, disse ele.
A fala de Paulo Guedes sobre reformas soou como sinfonia para investidores. Reforçou a reforma da Previdência e tributária, privatização, descentralização de recursos da União, abertura da economia e necessidade de medidas infraconstitucionais. Segundo ele, quando o novo Congresso tomar posse, reformas serão encaminhadas.
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Também conduziram a alta no setor financeiro os papéis de empresas do setor de educação. Kroton (+4,28%) e Estácio (+4,59%) se beneficiam de uma decisão dos últimos dias do ex-presidente Michel Temer, em que foi liberada a ampliação da educação a distância nos cursos de graduação. A medida deve ampliar margens das universidades particulares.
As ações da Taurus, maior fabricante de armas do país, subiram mais 50%, primeiro dia de negócios após a posse de Bolsonaro.
O presidente afirmou em rede social que pretende liberar via decreto a posse de armas no Brasil, o que poderia dar fôlego às vendas da fabricante. As ações da Taurus não integram o Ibovespa.
Outra empresa que teve forte alta foi a Sabesp (9,11%). O secretário de Fazenda de São Paulo, Henrique Meirelles, afirmou no começo da tarde desta quarta-feira, que o governo do Estado vai avaliar a privatização ou a capitalização da Sabesp. O enxugamento da máquina é parte central da proposta do novo governador, João Dória (PSDB).
O dólar também recuou contra o real, reflexo do otimismo com o novo governo. De uma cesta de 24 divisas emergentes, o real é a que mais se valoriza contra a americana –17 delas caíram.
"Primeiro dia útil do ano e o mercado internacional já sinaliza que 2019 não deve ser fácil para os países emergentes. [...] A força negativa vinda do exterior está sendo parcialmente moderada pela posse do novo governo e com o noticiário mostrando que, no primeiro dia do ano, a equipe econômica já estava trabalhando nas medidas necessárias para desenvolvimento do país", escreveu Fernanda Consorte, estrategista de câmbio do Banco Ourinvest.
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