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Combustíveis

Bombas trarão menos “sustos”

Confira as oscilações do preço do álcool e da gasolina no Paraná |
Confira as oscilações do preço do álcool e da gasolina no Paraná (Foto: )
Combustíveis devem fechar o ano com deflação, apostam alguns especialistas |

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Combustíveis devem fechar o ano com deflação, apostam alguns especialistas

Após três temporadas de relativa calmaria, os preços do álcool combustível voltaram à berlinda nos últimos meses. A escalada observada entre setembro e fevereiro aproximou as cotações dos níveis recordes atingidos no início de 2006, e fez com que, pela primeira vez desde aquele ano, a gasolina voltasse a ser o combustível mais vantajoso para carros bicombustíveis – o que acabou por elevar a procura e, consequentemente, os preços do derivado de petróleo. Voltaram à cena medidas de improviso do governo federal, tais como a redução da mistura de etanol à gasolina e a queda de tributos cobrados sobre esta última, na tentativa de evitar reajustes ainda mais fortes.

Mas tudo indica que a turbulência já passou, e que não deve se repetir tão cedo. Ao menos não neste ano, avaliam economistas consultados pela Gazeta do Povo. Para eles, é possível até que os combustíveis encerrem 2010 com deflação, ajudando a segurar os índices de preços – exatamente o oposto do que fizeram no início do ano, quando foram responsáveis por parte da alta da inflação. De acordo com o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que serve de referência para as metas de inflação perseguidas pelo Banco Central, no primeiro bimestre a gasolina subiu 2,3% e o álcool, 14,7%.

Em março, no entanto, ambos ficaram mais baratos. "Nossa projeção é de que, pela medição do IPCA, o álcool tenha recuado 7% em março e a gasolina, 1,45%. Essa descompressão terá efeito benéfico para o índice geral de inflação, que, segundo estimamos, ficará em 0,5% no mês, frente a 0,78% em fevereiro", diz o economista Fábio Romão, da LCA Consultores. Sob influência do início da colheita da safra 2010/2011 de cana-de-açúcar, os preços médios do etanol e também da gasolina devem seguir em queda até maio, prevê Romão. "Nos meses seguintes, haverá pequenas altas ou pequenas quedas. Mas serão movimentos sazonais, pouco significativos. No fim, a pressão do começo do ano será diluída e até compensada." A LCA estima que, no acumulado do ano, o preço do álcool terá recuado 9% e o da gasolina, 1%.

A gerente de pesquisa de preços do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Irene Machado, afirma que a tendência é mesmo de queda dos preços até o fim de abril, em razão da entrada dos primeiros volumes de etanol da nova safra; mas ela prefere não arriscar o que pode acontecer na sequência. "A partir de maio, não sabe, porque a mistura de álcool à gasolina volta ao normal e a cobrança da Cide, também."

Reduzida em fevereiro de R$ 0,23 para R$ 0,15 por litro de gasolina, a Contribuição de Intervenção no Domínio Eco­­nômico (Cide), tributo da gasolina, retorna ao patamar mais alto no começo de maio, o que pode pressionar os preços do combustível. Da mesma forma, a proporção de álcool adicionado à gasolina voltará a 25%, após três meses em 20%, o que tende a limitar a oferta do derivado de cana. Por sinal, alguns usineiros já sugerem que o governo antecipe a volta aos 25% para meados de abril, de modo a conter o forte recuo que os preços sofreram nas últimas semanas.

Felipe Insunza, analista da Rosenberg & Associados, também avalia que as cotações de álcool e gasolina podem sofrer alguma pressão em maio, mas não acredita em maiores traumas. "De modo geral, o álcool já sofreu o aumento que podia sofrer no ano", diz. Em relação à gasolina, o analista acha pouco provável que, em ano eleitoral, a Petrobras venha a promover reajustes significativos.

"Se compararmos a cotação em dólar da gasolina no Brasil com a do Golfo do México, veremos que a brasileira está 4,6% mais alta. Ou seja, há ‘gorduras’ para queimar", argumenta Insunza. "Para mim, se vier algum aumento neste ano, será do diesel. A economia está bastante aquecida, o que influencia a demanda do setor de transportes, e o diesel, que é subsidiado no Brasil, está um pouco defasado em relação à sua cotação no exterior."

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