Uma das mais tradicionais empresas brasileiras, a fabricante de bens de consumo Bombril contratou assessoria para reestruturar o negócio, que sofre com alto endividamento, caixa reduzido e sucessivos prejuízos acumulados. Fontes de mercado afirmam que a companhia poderá fazer um novo pedido de recuperação judicial, caso não tenha sucesso nas renegociações em curso.
Este é mais um episódio conturbado de uma agitada história empresarial. A companhia, fundada em 1948 e conhecida especialmente por sua esponja de aço, já passou por severos problemas financeiros, trocou de dono, enfrentou brigas entre sócios e até um longo processo de recuperação judicial, que se estendeu de 2003 a 2006.
O negócio é hoje controlado pelo filho do fundador, Ronaldo Sampaio Ferreira, mas tem entre seus sócios minoritários o investidor Silvio Tini, o fundo de pensão Previ (caixa de previdência dos funcionários do Banco do Brasil) e o Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
O jornal O Estado de S. Paulo apurou que a atual reestruturação da empresa, comandada pela consultoria Ricardo K (de Ricardo Knoepfelmacher), busca uma solução financeira para a companhia. Neste momento, dizem fontes, a ideia ainda é evitar a recuperação judicial, apesar dos números ruins. A Bombril teve receita bruta de R$ 1,24 bilhão nos primeiros nove meses de 2015. O prejuízo, em igual período, foi de R$ 240 milhões.
A empresa sofre também com o caixa apertado: tinha R$ 11 milhões disponíveis em 30 de setembro de 2015, ante R$ 53 milhões no fechamento de 2014. Nos primeiros nove meses do ano, o endividamento líquido total subiu 26% e atingiu R$ 476 milhões, puxado pelas dívidas tributárias. Mais de 60% dos débitos da Bombril são de curto prazo.
Uma fonte ligada à companhia diz que o processo de diversificação do portfólio de produtos empreendidos nos últimos anos (com o lançamento de novos itens do setor de limpeza e de uma linha de cosméticos) não deu o resultado esperado. Pelo contrário: a investida acabou por apertar ainda mais as margens.
Na tentativa de “virar a página”, a empresa também fez mudanças no marketing: abandonou seu “garoto Bombril”, Carlos Moreno, em favor de uma campanha voltada ao poder feminino, com a cantora Ivete Sangalo e as comediantes Dani Calabresa e Mônica Iozzi.
Se pedir recuperação judicial novamente, a empresa retornará à situação especial que já viveu entre 2003 e 2006, época em que o filho do fundador do negócio, Ronaldo Sampaio Ferreira, voltou ao comando da companhia, que havia sido vendida a um grupo italiano nos anos 1990.
Procurada, a gestora Ricardo K não quis comentar. A Bombril admitiu, em nota, que está analisando uma reestruturação de capital às novas condições do mercado. A empresa negou que esteja planejando um pedido de recuperação judicial. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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