O lançamento de 42 mil tiros de fogos de artifício e 15 mil balões coloridos marcou ontem, no centro paulistano, o encerramento do quarto ano consecutivo de bons resultados da Bolsa de Valores de São Paulo. Motivo para comemoração não falta. O mercado de ações se despede de 2006 com um crescimento de 32,9% no ano e o recorde de 44.526 pontos do Ibovespa (índice que mede a variação das principais ações da bolsa), registrado no penúltimo pregão do ano. E a alegria não pára por aí, já que 2007 também é aguardado como um ano com tudo para ser positivo. A previsão é de que a necessidade de financiamento atraia mais empresas e que a queda nos ganhos com os fundos de renda fixa traga novos investidores para o mercado.

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"Foi um ano excelente", resume o diretor de operações da Petra Corretora, Ricardo Binelli. Ele lembra que, apesar de ter enfrentado um período negativo entre maio e julho, por conta das incertezas em relação à guerra no Líbano e os juros americanos, 2006 encerrou dentro das expectativas. "Tivemos um curto período em que todo mercado mundial estava amedrontado, mas depois passou. O ano correu como imaginamos que seria", diz.

Os mesmos fatores que contribuíram para o resultado positivo de 2006 enchem de esperança os analistas de mercado em relação a 2007. Com a taxa básica de juros (Selic) em queda, mesmo os investidores mais conservadores começam a procurar a compra de papéis para conseguir um rendimento maior em suas aplicações. "Tem muita gente migrando dos fundos para o mercado de ações. Tiram pelo menos uma parte do que têm aplicado em renda fixa para colocar na Bolsa", diz o gerente da corretora Concórdia, Odisnei Antonio Dega.

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O investimento estrangeiro também tem ajudado nos resultados da Bovespa – no acumulado do ano, o fluxo somou R$ 1,470 bilhão. "Os estrangeiros estão entrando forte no mercado de ações no Brasil. Mais da metade das ações lançadas este ano foram absorvidas por estrangeiros", informa Dega.

Se sair dos 33.455 para perto dos 45 mil pontos em 2006 fez o mercado sorrir neste final de ano, em 2007 o patamar a ser alcançado, segundo os analistas, é de pelo menos 50 mil pontos. "Há espaço para crescer de 15% a 20% em 2007", avalia o sócio-diretor da consultoria de negócios Go4!, Carlos Esteves. Tamanha confiança se baseia também na entrada de novas empresas. "O mercado de capitais está sendo enxergado como uma alternativa ao empréstimo para o crescimento das empresas. Os próximos anos período de consolidação do mercado de ações, tanto por parte da oferta como da procura", afirma Binelli, da Petra Corretora.

Para 2007, os segmentos da economia que devem ter melhor rentabilidade são os ligados ao varejo e à construção civil. "Como o país caminha para investimentos em infra-estrutura, toda cadeia ligada à construção deve ser beneficiada, não só as construtoras. Quem pode ter ganhos menores é o setor exportador de bens industrializados, devido ao câmbio", explica Binelli.