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Boom imobiliário cria espaço para despachantes

Sidney de Oliveira Neto: uma tarde toda só para pedir informações sobre financiamento imobiliário fez com que o engenheiro decidisse contratar um despachante | Rodolfo Bührer/ Gazeta do Povo
Sidney de Oliveira Neto: uma tarde toda só para pedir informações sobre financiamento imobiliário fez com que o engenheiro decidisse contratar um despachante (Foto: Rodolfo Bührer/ Gazeta do Povo)
Veja como são os procedimentos burocráticos para fazer o financiamento de um imóvel |

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Veja como são os procedimentos burocráticos para fazer o financiamento de um imóvel

O engenheiro Sidney Cardon de Oliveira Neto passou um ano procurando um apartamento para comprar com sua noiva, Daniele. Após encontrar o imóvel, ele decidiu pedir ajuda a um despachante para levar adiante os trâmites necessários para conseguir um financiamento na Caixa Econô­­mica Federal. "Fui até uma agência pedir informações e isso me tomou uma tarde inteira. Preferi contratar alguém acostumado com o processo", diz.

O serviço de despachantes não é novo, mas está com a procura aquecida em tempos de boom imobiliário – de janeiro a outubro, somente a Caixa financiou R$ 2 bilhões nesse segmento no Paraná, quase o dobro do que no mesmo período de 2008. "Muita gente tem dificuldade em lidar com o processo, que envolve o pedido de financiamento, a liberação do FGTS e o registro do imóvel para concluir a operação", conta o despachante Sidnei Santos Andrade, da Lima Andrade Imóveis.

Geralmente os despachantes são correspondentes imobiliários cadastrados pela Caixa para receber pedidos de financiamentos. Em alguns casos, eles trabalham por recomendação das imobiliárias, e ajudam a organizar a papelada para ser apresentada a qualquer banco privado. O valor cobrado pelo serviço varia bastante. A simples liberação do FGTS para quitar um imóvel custa em torno de R$ 150, enquanto a tramitação completa de financiamentos varia de R$ 300 a R$ 700, dependendo da complexidade do caso.

A existência de um mercado para despachantes imobiliários revela duas características do sistema habitacional brasileiro. A primeira é que muita gente tem dificuldade em entender como ele funciona e a segunda é que ele toma algum tempo. "Eu até sei como funciona para tirar as certidões pedidas pela Caixa, mas eu teria de passar em vários cartórios e órgãos públicos. Fiquei com medo de perder muito tempo", diz Sydnei Oliveira Neto, que quer receber o quanto antes as chaves do apartamento para poder arrumá-lo antes do casamento, marcado para março.

O despachante Luiz Eduardo Varesequi Júnior diz que o processo do financiamento imobiliário é mais trabalhoso do que complicado. "É bom a pessoa ver desde o início tudo que os bancos exigem para não perder tempo. Não adianta tirar certidões se o imóvel tem problemas que impedem que ele seja aceito como garantia no financiamento", comenta.

O gerente regional da Caixa no Paraná, Gueber Roberto Laux, destaca que o banco tem criado instrumentos para facilitar a compreensão do processo – dois deles estão na internet, um simulador do financiamento e outro que faz a lista de documentos exigidos. Segundo ele, um pedido bem montado, com todos os documentos em ordem pode ser processado em uma semana. "Os principais problemas aparecem na documentação do imóvel ou do dono do imóvel. Exigimos que o vendedor não tenha restrições de crédito ou pendências judiciais e que a obra se encaixe nos nossos padrões de engenharia e avaliação", explica.

Trâmites

Um financiamento bem-sucedido começa com a escolha de um imóvel que se encaixe na capacidade de pagamento do comprador – dificilmente o crédito é aprovado se consumir uma parcela muito grande da renda –, que também precisa ter reservado de 10% a 30% do valor do bem para dar de entrada. "Também é bom guardar dinheiro para pagar os impostos e os custos com cartórios e com as taxas dos bancos. Muita gente se esquece disso e tem uma surpresa na hora de tentar o financiamento", recomenda o despachante Sidnei Andrade.

Com o imóvel e dinheiro, é preciso ir atrás dos documentos pedidos pela Caixa. Os mais complicados são certidões negativas dos vendedores e o registro do imóvel. "É preciso ver se a averbação da área está correta. É um problema comum em imóveis usados", diz Gueber Laux, da Caixa. As certidões vão indicar que os envolvidos no processo não têm restrições de crédito e que o bem pode ser vendido. Com eles, as fichas cadastrais preenchidas e após uma entrevista com o interessado, o banco manda um engenheiro fazer uma avaliação para ver se o valor pedido condiz com o praticado no mercado. Se passar dessa fase, o financiamento geralmente é aprovado.

Com o contrato assinado, o imóvel precisa ser transferido para o novo proprietário. Para isso, é preciso pagar o Imposto so­­bre Transmissão de Bens Inter­­vivos (ITBI), que em Curitiba tem alíquota de 2,4% do preço do imóvel, para valores acima de R$ 80 mil. Com o comprovante de pagamento, é retirada a guia para quitar o Funrejus, taxa que custa 0,5% do ITBI, e que é exigido para dar entrada com o registro que, após completado, é levado para o banco finalizar o processo.

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