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Construção civil

Boom imobiliário provoca falta de produtos e atrasos na entrega

 | Sossella
(Foto: Sossella)

O boom da produção imobiliária em todo país começa a pressionar a cadeia de fornecedores de material de construção e algumas construtoras do Paraná registram atrasos na entrega de alguns itens e até mesmo falta de produtos. Não se trata, pelo menos por enquanto, de um "apagão" no setor, mas o sinal amarelo já acende em alguns segmentos, como aço, cimento, alumínio e equipamentos. A grande preocupação das empresas gira em torno da possibilidade de gargalos de suprimento para 2008, com o crescimento mais expressivo do setor.

"Produtos que levavam uma semana para serem entregues estão demorando de três semanas a um mês", diz o diretor financeiro da construtora J.A. Baggio, José Américo Baggio. Segundo ele, esses problemas, concentrados na área de aço e de concreto, já provocam atrasos no cronograma de algumas obras. "Estamos tentando driblar a situação com o aumento do número de fornecedores", diz. No grupo Thá, o aço está demorando até 45 dias para ser entregue, contra um prazo normal de 15 dias, de acordo com o gerente de marketing, Eduardo Quiza. A pressão também ocorre no setor de equipamentos. "Levamos até três meses para conseguir uma máquina para fazer fundação, já que a maior parte está alugada no mercado."

"O cenário deve piorar a partir do próximo ano, quando vários projetos que estão represados, aguardando a liberação de alvarás, devem começar a sair do papel", prevê o diretor de incorporação do grupo LN, Vinicius Antonietto.

De acordo com ele, aço e cimento são os dois setores mais afetados por enquanto, mas há preocupação que outros segmentos, como de revestimentos cerâmicos, também venham a apresentar problemas na seqüência. "Hoje a maior parte das obras encontra-se no estágio inicial. A fase de acabamento deve gerar uma nova demanda."

Por enquanto, o segmento imobiliário, que representa 25% da construção civil no país, é que está puxando o aumento dos negócios. Mas a grande expectativa gira em torno do Programa de Aceleração da Economia (PAC), cujos projetos devem começar a sair do papel e alavancar as grandes obras de infra-estrutura, responsáveis por metade da construção civil no Brasil.

Para o presidente do Sindicato da Indústria da Construção Civil (Sinduscon) no Paraná, Hamilton Pinheiro Franck, por enquanto os casos de atrasos e desabastecimento são isolados. "Houve o acréscimo da demanda por cimento em algumas regiões do país, o que provocou alguns inconvenientes na área de distribuição. Mas a indústria de materiais de construção ainda tem uma folga de 15% para crescer."

Apesar desse cenário, alguns produtos registram alta de preços, como o cimento, que teve aumento de 7,2% em outubro. Segundo a Fundação Getúlio Vargas (FGV), foi a segunda maior alta desde o início do Plano Real, em 1994.

Sem risco

Embora reconheça dificuldades em alguns setores, o presidente da Associação Brasileira da Indústria de Materiais de Construção (Abramat), Melvyn Fox, descarta o risco de apagão. O executivo calcula que o setor esteja utilizando hoje 85% da capacidade instalada e diz que investimentos estão sendo acelerados para fazer frente ao crescimento. "Sabemos que não se trata de uma bolha e já há projetos de ampliações e novas fábricas em curso." A indústria de materiais de construção, que faturou R$ 69,2 bilhões em 2006, prevê um crescimento de 12% para 2007, o dobro do aumento (6%) verificado no ano passado. Para 2008, a projeção é de um novo crescimento da ordem de 10% a 12%.

A indústria de revestimentos cerâmicos, com faturamento previsto de R$ 6 bilhões em 2007, deve encerrar o ano com o melhor resultado desde 2000. Para o mercado interno, a previsão é de um crescimento de 11% nas vendas, segundo Antonio Carlos Kieling, superintendente da Associação Nacional dos Fabricantes de Cerâmica (Anfacer).

Em razão do aumento da procura, os estoques de produtos nas indústrias baixaram de 40 para 20 dias, mas o executivo descarta a possibilidade de redução de oferta no mercado. Hoje a indústria ocupa 90% da capacidade instalada. Mas com o dólar fraco, parte da produção que era destinada a exportações está sendo vendida no mercado interno. Segundo ele, o único fator que pode comprometer o abastecimento é a escassez do gás natural, usado para a produção, e que domina 100% da matriz energética do setor. "A falta do gás natural é uma ameaça permanente."

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