A Bosch ofereceu compensação financeira de até dois salários base de cada trabalhador aos 900 colaboradores demitidos no dia 18 e afirmou que não tem condições de recontratar esses funcionários. A proposta foi apresentada pela multinacional ao Sindicato dos Metalúrgicos da região de Curitiba (SMC) em uma audiência de conciliação e instrução que aconteceu nesta quarta-feira (24) no Tribunal Regional do Trabalho da 9ª Região (TRT9). A mediação foi feita pelo desembargador Luiz Eduardo Gunther, vice-presidente do TRT9.
O sindicato vai apresentar a proposta aos filiados na próxima segunda-feira (29). E na terça-feira (30) haverá outra audiência de mediação entre as partes no tribunal. A audiência é resultado da ação que o sindicato apresentou ao tribunal na última sexta-feira (19), tentando conseguir uma liminar para reverter as dispensas da Bosch.
A intenção do sindicato na audiência era conseguir a suspensão temporária das demissões, para que houvesse mais tempo para negociação. Mas a Bosch optou por apresentar proposta de indenização aos colaboradores. Os valores que a empresa pretende pagar são meio salário base para os funcionários que trabalham há até cinco anos na multinacional; um salário para os colaboradores com até dez anos de casa; um salário base e meio para quem trabalhou de dez a 15 anos na Bosch; e dois salários para as pessoas com contratos acima de 15 anos.
"A Bosch não quis negociar a possibilidade de buscar alternativas, como a suspensão dos contratos de trabalho. A proposta é baixa, mas vamos discuti-la com os trabalhadores", disse o presidente do SMC, Sérgio Butka, em entrevista ao jornal Gazeta do Povo. "Esperávamos uma visão mais social da empresa. Essas pessoas precisam, pelo menos, de alternativas para ter um emprego, como um programa de requalificação", completou. O sindicato argumentou também que as demissões dos funcionários que estão prestes a se aposentarem e dos que têm problemas de saúde teriam que ser revistas com mais atenção pela empresa.
Já o gerente de recursos humanos da Bosch, Duilio Damaso, afirmou que a empresa não pode recontratar os funcionários porque ainda não se recuperou da crise financeira e não visualiza que isso acontecerá no médio prazo. A fábrica de Curitiba, na Cidade Industrial (CIC), produz sistemas de injeção eletrônica para veículos com motores movidos a diesel. Essa unidade exporta cerca de 60% do que produz para os Estados Unidos, Europa e Ásia. E, de acordo com Damaso, os embarques da fábrica da CIC caíram mais de 50% nos primeiros cinco meses de 2009, em comparação ao mesmo período do ano passado. "Procuramos seguir os critérios de uma convenção da Organização Internacional do Trabalho nesse processo de demissão", alegou Damaso ao jornal Gazeta do Povo. Ele disse também que não houve irregularidades nas demissões.
Além dos advogados das partes e do desembargador do TRT9, a procuradora do trabalho, Thereza Cristina Gosdal, que mediará a conciliação no Ministério Público do Trabalho (MPT), também participou da audiência no tribunal. O MPT solicitou que a empresa apresente à Justiça uma lista com os nomes e o tempo de serviço das 900 pessoas dispensadas. O sindicato reclamou que não teve acesso a esses dados.
A assessoria de imprensa do TRT9 informou que o desembargador Luiz Eduardo Gunther não falará sobre o caso durante o desenrolar da ação.