A espera pela aprovação do pacote de resgate das instituições financeiras nos Estados Unidos causou oscilações nas bolsas mundiais nesta sexta-feira, 26. A Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) fechou em queda de 2,02%, terminando aos 50.782 pontos. Em Nova York, o Dow Jones virou no fim da tarde e subiu 1,13%, enquanto o Nasdaq fechou em leve queda de 0,15%.
O acordo em torno do pacote, que chegou a ser dado como certo durante grande parte desta quinta-feira (25), sofreu um importante revés durante a noite. Com isso, a votação do plano de US$ 700 bilhões, que deveria ocorrer hoje, está ameaçada, o que prejudica o humor dos investidores nas bolsas mundiais. Nem mesmo o pronunciamento do presidente George W. Bush, que pediu aos congressistas que ajam rapidamente para resgatar o mercado financeiro, impediu a queda dos índices nesta sexta.
Falando na Casa Branca horas após um aparente acordo para o pacote de US$ 700 bilhões ter sido quebrado, Bush previu que os Republicanos e Democratas irão se unir no final. Mas ele não deu detalhes sobre as negociações. "Isso é um trabalho difícil. Nossa proposta é uma grande proposta e a razão para ser grande e substancial é que temos um grande problema", afirmou Bush.
Durante a tarde, os legisladores norte-americanos anunciaram que vão suspender o recesso programado para começar hoje até que se chegue a um acordo sobre o plano. Segundo informações do site da rede CNBC, os deputados republicanos da Câmara de Representantes dos EUA prometeram trabalhar em um acordo sobre algum tipo de plano de socorro financeiro, mas prometeram se opor a qualquer proposta que salve Wall Street. "A América está à beira de uma crise econômica", disse o líder da minoria na Câmara, o republicano John Boehner, para os repórteres. "Acreditamos que o Congresso precisa agir e precisa agir rapidamente. Mas não concordamos com uma lei que trai o contribuinte para salvar Wall Street."
Enquanto os mercados financeiros aguardam algum tipo de acordo, Democratas e Republicanos planejam se reunir ainda nesta sexta para moldar um plano que ambos os lados possam aceitar. O líder da maioria na Câmara, o democrata Steny Hoyer, disse à CNBC que eles vão discutir todas as opções e, se o debate tiver que se estender para a próxima semana, que seja. "Nós estaremos aqui."
Em carta para a presidente da Câmara Nancy Pelosi (Democrata), Boehner exortou que as propostas dos deputados republicanos recebam a consideração que merecem. Estas propostas incluem: 1) Wall Street - não os contribuintes - deve financiar a recuperação; 2) capital privado - não dinheiro dos impostos - deve ser injetado nos mercados financeiros; 3) transparência imediata, supervisão e reforma do mercado.
'Brazil Day'
As fortes trovoadas no mercado internacional ofuscaram nesta sexta o "Brazil Capital Markets Day" realizado pela primeira vez na Bolsa de Londres. Enquanto o pessimismo tomava conta dos investidores, diante do impasse sobre o pacote de resgate das instituições financeiras nos Estados Unidos, as empresas brasileiras tentavam usar todos os argumentos possíveis para atrair acionistas.
O objetivo era mostrar que os fundamentos do País estão sólidos e que as perspectivas para os negócios seguem favoráveis. Mas atrair a atenção e, mais do que isso, a confiança dos investidores no atual ambiente de aversão ao risco não é nada simples.
"Não é a condição ideal, mas o evento já estava planejado havia muito tempo", afirmou à Agencia Estado o diretor para as Américas da London Stock Exchange (LSE), Graham Dallas. Ele se considera satisfeito com o numero de 90 participantes inscritos, mas a apresentação das companhias reuniu uma platéia mais modesta, de 65 pessoas, entre executivos das próprias empresas, brasileiros que trabalham em Londres e gestores de recursos. Segundo fontes, o número de investidores finais foi baixo.
Boa parte da empresas veio representada por executivos de nível gerencial da área de relações com investidores. Nenhum representante do governo brasileiro compareceu, como costuma acontecer com o mais glamouroso Brazil Day de Nova York.
Dallas avalia que existe interesse pelo Brasil hoje em Londres, mas reconhece que a procura por ativos nacionais poderia ser muito maior. "Os investidores daqui estão mais direcionados para a África e o Oriente Médio, então eventos como este dão a oportunidade para que conheçam outros mercados."
A Bolsa de Londres já abrigou apresentações do mesmo tipo com empresas do Egito, Nigéria e Vietnã, por exemplo. Uma segunda edição do evento brasileiro vai depender do retorno dessa primeira experiência.