A Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) voltou a interromper suas operações nesta sexta-feira (10), pela terceira vez na semana, em meio ao pânico espalhado pelos mercados mundiais.
Em apenas 35 minutos de negociação, o Ibovespa, principal indicador do mercado brasileiro, atingiu queda de 10,19%, acionando o circuit breaker, mecanismo que controla a oscilação dos indicadores, interrompendo os negócios. Pelas regras da Bovespa, os negócios devem ser retomados 11h05.
Na segunda-feira, as quedas sofridas pelo Ibovespa interromperam os negócios por duas vezes. Apenas 18 minutos após o início dos negócios, a queda chegou a 10%, deixando o pregão paralisado por 30 minutos. Às 11h44, houve nova interrupção, de uma hora, depois que o indicador bateu em -15%.
No mundo todo, os mercados sofrem fortes perdas com o alastramento da crise. Na Europa, por volta das 9h30 (horário de Brasília), a bolsa de Londres recuava 7,39%. Em Paris, o CAC 40 perdia 8,53%; na Alemanha, o DAX caía 9,06%. Já o indicador espanhol Ibex recuava 8,14%. As autoridades reguladoras dos mercados russos impediram que as bolsas de Moscou, uma cotada em dólares (RTS) e outra em rublos (Micex), abrissem esta sexta. Na Ásia, as bolsas registraram seu pior dia desde o início da crise. Em Tóquio, o índice Nikkei chegou a recuar 11,38%. Acabou fechando no vermelho de 9,62%, seu pior desempenho desde 28 de maio de 2003. Numa tentativa de alavancar o mercado, o Banco do Japão (BOJ) forneceu 3,5 trilhões de ienes (US$ 35,4 bilhões) para aliviar a situação do setor financeiro. A turbulência derrubou a companhia de seguros japonesa Yamato Life Insurance, que pediu a proteção da lei de falências.
Em Hong Kong, o índice Hang Seng encerrou em queda acentuada de 7,19%. Em Seul, a bolsa sul-coreana mergulhou 4,13%. A Bolsa de Valores de Xangai resistiu aos índices alarmantes dos principais mercados asiáticos, mas também encerrou o pregão no vermelho: 3,57%.
Os mercados acompanham as perdas registradas na véspera pela Bolsa de Nova York. Depois de apresentar prejuízos moderados ao longo do dia, o Índice Dow Jones - intensificou sua queda no final do dia e desmoronou 7,33%, a 8.579 pontos, em meio aos números negativos de algumas das maiores empresas do país e de temores que o corte coordenado de juros das principais economias mundiais possa não ser ser suficiente para impedir uma recessão global.
Medidas drásticas
Para tentar conter o caos dos mercados, o governo dos EUA está estudando duas medidas drásticas para tentar resolver os problemas dos mercados financeiros, segundo reportagem do "Wall Street Journal" desta sexta: garantir bilhões de dólares em dívida bancária e assegurar temporariamente todos os depósitos em bancos no país. Se as decisões forem implementadas, elas significarão a mais ampla intervenção governamental já ocorrida no sistema.
Os investidores também acompanham o encontro do G7 em Washington, que reúne economista e presidentes de bancos centrais das economias desenvolvidas. As discussões serão sobre a crise e possíveis soluções globais que evitem o colapso econômico no mundo tudo.
Os países do G20, do qual faz parte o Brasil, se reúnem no sábado. O ministro da Fazenda, Guido Mantega, e o presidente do Banco Central (BC), Henrique Meirelles, também cumprem agenda nesta sexta em Washington.
Expectativa
Nos Estados Unidos, a expectativa de um possível rebaixamento da nota de crédito da General Motors (GM), principal razão para o tombo das ações da montadora no fim da jornada, deve continuar centrando a atenção dos investidores.
Entre indicadores, o governo americano divulgará o da balança comercial dos Estados Unidos referente ao mês de agosto, o índice de preços de importados medido em setembro e o resultado do Orçamento do Tesouro, também referente ao mês passado.
Reversão
Na quinta-feira, após chegar a operar em alta de 4,5% pela manhã, a Bovespa acabou por inverter a tendência no meio da tarde e afundou seguindo o "tombo" sofrido pelo índice Dow Jones, referência para o mercado de Nova York, que caiu 7,3% no dia.
Desta forma, o índice Ibovespa acabou por registrar a sexta queda seguida, fechando em baixa de 3,92%, aos 37.080 pontos. A queda acumulada no ano agora é de 41,96% - o patamar em número de pontos é o menor desde outubro de 2006.