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Mercado financeiro

Bovespa despenca. Dólar e Risco Brasil disparam

Depois de quase duas semanas de turbulências, o mercado financeiro teve o pior dia do ano nesta segunda-feira. O dólar fechou em alta de 3,71%, o maior avanço em três anos, e terminou cotado a R$ 2,288 para compra e R$ 2,290 para venda. A Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) encerrou com queda de 3,28%, aos 36.497 pontos, a maior perda diária desde outubro de 2005. O risco-Brasil subiu 4,5% e, às 17h45, marcava 277 pontos centesimais.

Mais cedo, a bolsa chegou a perder 5,48% e o dólar a avançar 4,97%. Na Bolsa de Mercadorias & Futuros (BM&F), o dólar para junho alcançou R$ 2,327 e atingiu o limite de alta permitido para um dia, de 5%. Quando isso acontece, os negócios só podem prosseguir com valores inferiores.

Queda após 10 de maio

As bolsas de todo o mundo começaram a cair após o dia 10 de maio, quando o Federal Reserve (Fed, banco central americano) elevou o juro básico do país e deixou a porta aberta para novas altas. Desde então, a Bovespa caiu em oito de nove pregões, com desvalorização de 13%; o dólar subiu 11,74% e o risco-Brasil aumentou 27%. No ano, dólar e risco acumulam queda de, respectivamente, 1,58% e 8,58%, e a Bovespa mantém-se com valorização de 9,09%. Até o dia 9, quando a bolsa bateu seu 23º recorde no ano e atingiu 41.979 pontos, a alta acumulada era de 25,3%.

Os estrangeiros têm liderado as vendas de ações, levando a bolsa a contabilizar no mês de maio um déficit de R$ 200 milhões em investimento externo, conforme dados divulgados até a quarta-feira (17/05). Uma semana antes, a compra de ações por estrangeiros superava em R$ 1,03 bilhão o volume de vendas. A saída desses recursos do país é a principal causa da alta do dólar, mas alguns analistas afirmam que o câmbio também está sendo afetado pelos planos da equipe econômica de implementar medidas para segurar os preços da moeda - a tendência de queda, até a primeira semana de maio, era tida como irreversível.

Vontade do governo

Para o economista Alexandre Póvoa, diretor da Modal Asset Management, mais do que as mudanças no sistema cambial, o que estaria influenciando um pouco é a vontade assumida pelo governo de ver um dólar acima do atual patamar.

- Em um mercado que já está muito ruim, não ajudam em nada as declarações do ministro (Guido Mantega, da Fazenda) dizendo que quer o dólar mais alto - afirmou Póvoa.

Reportagem publicada neste domingo pelo jornal "Folha de S.Paulo" afirma que o governo trabalharia com a perspectiva de um dólar a R$ 2,40 após uma nova alta dos juros nos Estados Unidos. O ex-diretor do Banco Central Carlos Thadeu de Freitas não acredita que o dólar se sustentará nesse patamar. Sua aposta é de que a moeda vá oscilar entre R$ 2,10 e R$ 2,30.

- Acho que o dólar está refletindo esse nervosismo, mas não se sustentará nesse patamar devido à entrada de recursos oriundo das exportações e ao diferencial de juros do Brasil, que continuará a atrair investidores estrangeiros - afirmou.

Previsão mantida

O Boletim Focus divulgado nesta segunda-feira pelo Banco Central mostra que, a despeito das últimas altas, o mercado mantém a previsão média de um dólar a R$ 2,20 no fim do ano.

O nervosismo aumentou do mercado aumentou nesta segunda-feira com declarações do diretor-gerente do Fundo Monetário Internacional, Rodrigo de Rato, de que o Fed pode precisar aumentar mais a taxa de juros. O presidente do Fed de Dallas, Richard Fisher, também colocou lenha na fogueira, ao dizer que a inflação está mais alta do que o confortável.

No exterior, as bolsas européias fecharam em forte queda e alguns mercados emergentes, como Rússia e Índia, tiveram perdas superiores a 10%. Em Nova York, o índice Dow Jones caiu 0,17% e o Nasdaq recuou 0,96%.

No momento de forte instabilidade, os analistas recomendam cautela ao pequeno investidor.

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