Usina de Foz do Areia, da Copel: fim dos descontos e troca de governo deram impulso às ações da estatal, que têm boa projeção para 2011| Foto: Jonathan Campos / Gazeta do Povo

Ano que vai

Europa e IOF afetaram o desempenho

A crise da dívida soberana nos países da Europa, a inflação elevada nos países emergentes e a taxação do capital estrangeiro no Brasil, com a elevação do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), foram fatores que influenciaram negativamente o mercado de ações brasileiro em 2010.

O ano, que começou com otimismo, depois da forte recuperação em 2009, acabou frustrando a expectativa de analistas e investidores.

A estimativa inicial era de que o Ibovespa, principal índice de ações da Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa), chegasse a 80 mil pontos. Mas na reta final do ano o mercado terá de se contentar com um desempenho na casa dos 68 mil pontos.

"No terceiro trimestre, as bolsas dos Estados Unidos e da Alemanha começaram a subir e o Brasil acabou descolado principalmente pelo efeito do IOF", afirma Rogério Garrido, gerente da Fator Corretora em Curitiba.

Na quinta-feira, último dia de pregão antes do Natal, o Ibovespa fechou com alta de 0,2%, em 68,5 mil pontos, mas ainda insuficiente para reverter a queda de 0,15% acumulada no ano. Analistas apostam em uma tendência de estabilidade para os últimos quatro pregões do ano, na próxima semana. Poucos negócios devem contribuir para baixa volatilidade.

O ano também foi "estranho" para as empresas paranaenses, cujos papéis tiveram desempenho muito mais pautado pelos seus próprios fundamentos e condições de mercado do que pelo movimento geral da Bovespa. O Paraná Banco, por exemplo, descolou do desempenho da maioria dos bancos médios, já que se beneficiou da venda de parte da sua seguradora.

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Confira como foi o ano das empresas paranaenses na Bolsa
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O ano de 2010 termina com uma sensação de frustração para a maioria dos investidores em ações. A Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) caminha para fechar o ano praticamente no zero a zero, com o Ibovespa, que reúne os papéis mais negociados, na casa dos 68 mil pontos – bem distante dos 80 mil previstos no início do ano. Depois de muita turbulência no primeiro semestre, o mau humor do mercado perdurou na segunda metade do ano, o que não poupou ações das empresas paranaenses, que viveram altos e baixos em 2010. Os destaques positivos ficaram por conta do Paraná Banco e da Companhia Paranaense de Energia (Copel). Na outra ponta, a Positivo Informática viu seus papéis despencarem, principalmente a partir de setembro. A boa notícia é que os analistas estão otimistas com 2011, quando esperam uma alta de até 19% no Ibovespa, com o indicador na casa dos 80 mil pontos.

A melhora do cenário internacional, principalmente nos Estados Unidos, e a possibilidade de socorro financeiro a países com problemas na zona do euro, como a Espanha, contribuem para uma perspectiva menos nebulosa para 2011. "Em relação ao Brasil, a continuidade do crescimento econômico deve beneficiar, mais uma vez, ações de empresas voltadas para o mercado interno. Empresas de consumo devem continuar a ter bom desempenho", afirma Luiz Augusto Pacheco, analista da Omar Camargo Investimentos.

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Em um ano considerado morno, as empresas de varejo foram as grandes estrelas da Bovespa em 2010. Companhias como Lojas Marisa, Hering e Le Lis Blanc acumulam altas superiores a 100% neste ano. O setor de energia, que se beneficia do crescimento da economia, também foi destaque, segundo Pacheco. "A Copel foi muito bem esse ano e continua promissora para o próximo", afirma.

Para a Link Corretora, depois de um ano abaixo da expectativa – impactado por fatores como a situação financeira dos bancos na Europa, os planos de estímulo econômico nos EUA, alterações na taxação do capital estrangeiro e a mega oferta de ações da Petrobras –, o Ibovespa deve ter um desempenho mais favorável em 2011. O crescimento do lucro das empresas e a continuidade da robusta expansão da economia brasileira devem fazer o próximo ano melhor do que este, na avaliação da corretora.

As ações atreladas a commodities também devem subir, segundo analistas, puxadas pelas demanda dos países emergentes por matérias-primas. Em meio a um cenário de juros internacionais ainda baixos, o fluxo de capital deve continuar a ter como alvo países emergentes, beneficiando o mercado acionário brasileiro.

A expectativa é de que a Petrobras também volte a influenciar positivamente o Ibovespa em 2011, depois de um ano em que os papéis da companhia sofreram os efeitos da capitalização. A estatal responde, sozinha, por 11% do índice e, neste ano, suas ações caíram 30%.

No cenário interno, no entanto, pesam a alta da inflação e o aperto monetário, que deve prejudicar alguns segmentos que dependem de crédito, como o automotivo, segundo Jason Freitas Vieira, analista da Cruzeiro do Sul Corretora. A eventual alta de juros deve afetar mais fortemente bens de maior valor agregado e empréstimos.

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A Fator Corretora, por sua vez, analisa que, embora o cenário esteja um pouco melhor para o próximo ano, o mercado acionário brasileiro dificilmente dará uma guinada expressiva. Rogério Garrido, gerente da Fator em Curitiba, lembra que o mercado, principalmente no início do ano, ainda vai esperar sinais mais claros do novo cenário político. "Historicamente o primeiro ano depois das eleições costuma ser de ajuste fiscal e de medidas mais impopulares, o que pode influenciar a bolsa", afirma. A Fator espera um Ibovespa na casa dos 75 mil pontos para o próximo ano.

Para os analistas da corretora, empresas vinculadas ao setor de alimentos e bebidas e a serviços – como educação e planos de saúde – devem se destacar em 2011, embaladas pela ascensão social das classes C e D. Bancos grandes e companhias de energia também são apostas recomendadas. Embora as previsões para o próximo ano sejam positivas, os investidores terão de ficar ainda mais atentos aos fundamentos de cada empresa. Algumas alterações regulatórias podem afetar o desempenho de certos setores, lembra o analista. É o caso, por exemplo, do novo marco regulatório do setor de mineração.