São Paulo - Os investidores reagiram com euforia ao pacote do Tesouro norte-americano para "limpar" os bancos dos chamados "ativos tóxicos", ou créditos problemáticos, e que deve mobilizar pelo menos US$ 500 bilhões. As bolsas dos Estados Unidos dispararam após o anúncio, puxando a Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa), onde investidores estrangeiros movimentam mais de um terço do giro diário. Com a valorização de 5,89% ontem, a bolsa brasileira acumula ganhos de 11,14% no mês, enquanto o dólar tem perdas de 5,23%. Ontem, a moeda norte-americana encerrou o pregão cotada a R$ 2,246, em baixa de 0,79% no dia. O Ibovespa, principal índice de ações da bolsa paulista, fechou aos 42.438 pontos, o maior patamar desde o dia de 6 de fevereiro.
O economista da Máxima Asset Management, Felipe Casotti, afirma que o pacote foi muito bem recebido pelo mercado e cita como um dos possíveis motivos as condições atrativas oferecida pelo Tesouro dos EUA aos investidores privados que queiram participar do programa. "O pacote apresenta para o investidor privado uma relação muito boa entre risco e retorno. Se os preços dos ativos caírem muito, o governo pode entrar com mais garantias", comenta. "Do ponto de vista do investidor, o governo montou um pacote muito atraente. O problema é que do ponto de vista do contribuinte, pode ter um custo bastante alto", acrescenta.
Casotti também está preocupado com "o lado real" da economia: o setor imobiliário, justamente a origem dos créditos "subprime" que precipitaram a pior crise global em 70 anos. "Nós ainda temos que ver como vai evoluir o mercado imobiliário, que é o centro de tudo. E se a taxa de inadimplência continuar a subir muito? Não adianta nada agir no mercado de ativos financeiros se o setor imobiliário continuar muito ruim", comenta.