A sexta-feira foi de agitação e volatilidade na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa). O Índice Bovespa chegou a subir mais de 2%, mas perdeu fôlego e acabou fechando em baixa de 0,51%, aos 37.822 pontos. A queda não foi maior devido ao excelente desempenho das ações de siderurgia, as grandes vedetes do dia. Elas acompanharam a disparada dos papéis da Arcelor Brasil, braço brasileiro da siderúrgica francesa Arcelor.
A participação mais "light" do Banco Central levaram o dólar a mais um dia de queda. A moeda americana fechou em baixa de 0,58% nesta sexta-feira, valendo R$ 2,215 na compra e R$ 2,217 na venda. É a menor cotação desde 7 de dezembro. No acumulado da semana houve desvalorização de 2,68% frente ao real.
O risco-país brasileiro bateu seu terceiro recorde consecutivo nesta sexta-feira, atingindo novo piso histórico. O EMBI+ Brasil, calculado pelo banco JP Morgan, terminou o dia aos 260 pontos centesimais, com queda de 5 pontos no dia.
O risco-país é calculado apenas para países emergentes e revela o grau de confiança do investidor estrangeiro nessas economias. O indicador acompanha os juros pagos por uma cesta de títulos de cada país, a partir de sua diferença em relação às taxas pagas pelos títulos americanos, considerados os mais seguros do mundo.
O dia começou com a notícia de que a Mittal Steel, maior siderúrgica do mundo, fez uma oferta de 18,6 bilhões de euros (US$ 22,8 bilhões) para comprar a concorrente francesa. A oferta hostil surpreendeu o mercado e imediatamente fez disparar as ações da Arcelor no mercado internacional e também no Brasil. Na Bovespa, Arcelor Brasil fechou em alta de 14,23% e arrastou com ela todas as ações do setor.
O papel representa a holding que reuniu os papéis das siderúrgicas Belgo Mineira, Companhia Siderúrgica Tubarão e Vega do Sul. Além disso, a Arcelor também participa do controle da Acesita.
Segundo Cristiane Viana, analista do setor de siderurgia da corretora Ágora Senior, são três os principais motivos da disparada das ações. Um desses fatores é a sinalização de uma consolidação do setor siderúrgico no mundo, que fica mais concentrado, com maior poder de barganha junto aos fornecedores de matéria-prima. Isso reduz a volatilidade dos preços internacionais.
Um segundo motivo é a expectativa de que o alto prêmio oferecido pela Mittal favoreça outras aquisições no setor, e por valores também elevados. As ações da Arcelor Brasil também teriam subido devido à expectativa do "tag along", proposta do comprador para compra das ações em poder dos acionistas minoritários.
Depois de Arcelor Brasil ON, as maiores quedas do Ibovespa ficaram com Companhia Siderúrgica Nacional ON (+5,29%), Tim Participações ON (+3,70%), Acesita PN (+3,07%) e Gerdau Metalúrgica PN (+2,52%). As maiores quedas do Ibovespa foram de Cesp PN (-5,56%), Copel PNB (-5,27%) e Embratel Participações PN (-4,21%).
A queda da Bovespa no final do dia foi atribuída a uma saudável realização de lucros. A bolsa paulista bateu dois recordes na semana, conquistando os patamares dos 37 mil e dos 38 mil pontos. Segundo analistas, o ingresso de recursos externos continua a sustentar as ações brasileiras.
DÓLAR- Além das compras menores do Banco Central, o cenário externo otimista e a queda do risco-país também tiveram forte influência nas cotações. Se tudo continuar como está, tudo indica que a tendência do dólar continua sendo de queda - disse o gerente da mesa de câmbio de um grande banco.
O Banco Central vendeu 2.950 contratos de swap reverso, dos 4.250 contratos ofertados. Os contratos vendidos corresponderam a US$ 138,2 milhões. Na prática, a venda dos contratos de swap reverso equivale a uma compra de dólares futuros por parte do BC.
Desde o dia 20 que o BC reduziu à metade a oferta desses contratos, o que acabou por acelerar a queda do dólar desde então. Nesta semana, o dólar só subiu na quarta-feira, dia de liquidez muito reduzida, devido ao feriado na cidade de São Paulo. As compras de dólares no mercado à vista continuam a acontecer. Nesta sexta, o BC aceitou 14 propostas e pagou R$ 2,209 pelos recursos adquiridos.
JUROSAs projeções dos juros negociadas na Bolsa de Mercadorias & Futuros (BM&F) fecharam em leve baixa nesta sexta-feira, dando continuidade ao movimento da véspera, quando foi divulgada a ata do Comitê de Política Monetária (Copom). O destaque do dia foram os novos números de inflação.
O Índice de Preços ao Consumidor Amplo-15 (IPCA-15) ficou em 0,51% em janeiro, acima do 0,38% de dezembro. O IPCA-15 é uma espécie de prévia do IPCA, índice usado pelo Banco Central para decidir sobre os juros básicos da economia. Apesar da aceleração, o índice ficou dentro do esperado e foi bem recebido pelo mercado.
O Depósito Interfinanceiro (DI) de outubro fechou com taxa de 16,06% ao ano, contra 16,09% do fechamento de sexta-feira. A taxa de janeiro de 2007 recuou de 15,90% para 15,89% anuais. O DI de abril de 2007 teve a taxa reduzida de 15,72% para 15,71% anuais. A taxa Selic está hoje em 17,25% ao ano.
Outro destaque do dia foi o Índice de Preços ao Consumidor (IPC) da Fipe, que também apresentou aceleração. O indicador mostrou inflação de 0,62% na terceira quadrissemana de janeiro, pouco acima do 0,59% da segunda quadrissemana.
PARALELOO dólar paralelo negociado em São Paulo fechou em baixa de 0,40% nesta sexta-feira, cotado a R$ 2,36 na compra e R$ 2,46 na venda. O dólar turismo terminou o dia em baixa de 0,43%, a R$ 2,17 na compra e R$ 2,32 na venda.