Bovespa quebra sequência de três baixas e fecha em alta de 2,79%

• 0

A Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) recuperou-se nesta terça-feira (3), depois de registrar três desvalorizações seguidas. No fechamento do pregão, o Ibovespa, principal indicador da bolsa paulista e referência para o mercado nacional, subiu 2,79%, a 39.746 pontos.

Entre as ações mais negociadas na Bovespa, Petrobras e Vale operam com ganhos no dia - as ações da Vale subiaram 4,5%, enquanto as da petrolífera ganharam 3,6%. A maior baixa do dia foi da companhia alimentícia Sadia, que perdeu 3,8%. A Perdigão, que anunciou férias coletivas para 2,7 mil funcionários, mostrou perdas menores, de 0,23%, no encerramento.

Dados negativos

A alta ocorreu apesar dos dados negativos da produção industrial de dezembro, divulgados mais cedo. A queda de 12,4% foi a pior da série histórica e acima das previsões mais pessimistas.

Com este resultado, a produção industrial acumulou alta 3,1% em 2008, ficando abaixo do crescimento acumulado em 2007, de 6%, e revertendo os bons resultados acumulados até setembro, que eram de 6,4%.

Houve outros dados negativos sobre o desempenho da economia em dezembro - como a redução de 8% nas horas trabalhadas da indústria, a maior desde fevereiro de 2003, anunciada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) -, mas o consenso do mercado é que esses resultados já eram esperados.

Do lado positivo, porém, pesou o anúncio do Banco Central do Brasil e do Federal Reserve (BC dos Estados Unidos) que a linha de troca de moeda de dólares americanos por reais no montante de até US$ 30 bilhões, originalmente válida até 30 de abril de 2009, será estendida até 30 de outubro de 2009.

Lula

Até o presidente Lula, que chegou a se referir à crise como "marolinha", admitiu nesta terça-feira, em visita ao Rio de Janeiro para a inauguração de obra do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), que a economia brasileira pode sofrer retração.

"Eu acho que a pesquisa industrial em dezembro, mais do que em outros meses, sempre cai mais. Eu trabalho com a hipótese que nós podemos ter uma retração na economia brasileira, mas acredito que o Brasil não sofra o mal que estão sofrendo os países desenvolvidos", ressaltou.

Empresas

Nos EUA, os mercados operam em leve alta após dados terem mostrado que as vendas pendentes de moradias se recuperaram em dezembro. Assim, às 14h05 de Brasília, o índice Dow Jones apontava alta de 0,44%.

Já a influência negativa vem dos resultados corporativos. A Dow Chemical já apontou prejuízo de US$ 1,55 bilhão para o quarto trimestre e alertou que a fraca demanda deve perdurar por vários trimestres, depois de ver suas vendas caírem 23% no período.

A Motorola anunciou que fechou o quarto trimestre com prejuízo e que caiu para a quinta posição no mercado global de aparelhos celulares. As perdas acumuladas em 2008 foram de US$ 3,6 bilhões e substituiu seu diretor financeiro, cancelando também o pagamento de dividendos a funcionários.

Outra companhia que revelou dados negativos no dia foi a British Petroleum (BP), uma das maiores companhias do setor de combustíveis no mundo. As perdas da empresa no último trimestre do ano passado somaram US$ 3,3 bilhões.

Na contramão dos prejuízos esteve o laboratório Merck. O quarto trimestre de 2008 gerou um lucro líquido de US$ 1,644 bilhão para a empresa. Com isso, conseguiu reverter o prejuízo de um ano antes, de US$ 1,630 bilhão. Por ação, houve lucro de US$ 0,78 ante perda de US$ 0,75.

Outros pregões

As bolsas de valores da Europa fecharam em altapuxadas pelo desempenho da Vodafone, que garantiu o avanço do setor de telecomunicações. O índice FTSEurofirst 300, que acompanha as principais ações europeias, encerrou o pregão com valorização de 1,8%, a 791 pontos.

Na Ásia, o dia foi de alta em algumas das principais bolsas, com os investidores reagindo bem a novas ajudas aos mercados anunciadas no Japão e na Austrália.