A forte expansão do mercado acionário em 2006, com a maior participação de investidores pessoas físicas nos negócios, trouxe junto um efeito colateral indesejável: o número de reclamações recebidas pelo "ombudsman" da Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa), Joubert Rovai, aumentou 94% no período.
De acordo com relatório divulgado hoje, esse número passou de 235, em 2005, para 458 no ano passado.
O grosso das queixas se refere ao funcionamento do "home broker", pelo qual é possível comprar e vender ações de casa via internet.
Das 458 reclamações, 151 foram encaminhadas por clientes do sistema, contra 56 um ano antes. Considerando não apenas o número de reclamações, mas também o de dúvidas, pedidos de informação e sugestões, o "ombudsman" cuidou de 1.554 casos em 2006, em comparação a 926 em 2005.
Rovai disse que esse crescimento do número de queixas sobre o funcionamento do mercado era esperado e que deve continuar neste ano, a julgar pelo interesse dos investidores novatos pela bolsa neste início do ano. Só em 2006, a quantidade de pessoas físicas com registro na Companhia Brasileira de Liquidação e Custódia (CBLC) chegou a 219.634, um salto de 41% sobre 2005. Segundo ele, isso pode ser interpretado como um aprendizado.
- Vejo isso como bastante saudável. As pessoas estão incorporando mais informação, tomaram consciência de que tem a quem reclamar - afirmou ele, para acrescentar:
- Não houve piora. O que você teve foi situações tópicas, de corretoras com problemas em seu site. É como o lixeiro que não passa na sua rua. Todo mundo vai reclamar. Entre os tipos de reclamações relacionados pelo "ombusdman", houve registro de 22 casos de investidores que reclamaram de indícios de fraude e manipulação de preços. Rovai também amenizou a questão, sugerindo que investidores ainda sem grande experiência se "impressionaram" quando determinada correta "ficava muito ativa no único papel".
- Há épocas em que isso aumenta. Não vejo nessa matéria problemas, porque o mercado está bem acompanhado - afirmou o ombusdman da Bovespa, função criada há seis anos.
